Polvos feitos de crochê, ofurô e mini redes. Esses itens podem favorecer o desenvolvimento de um bebê prematuro. Os objetos são apenas alguns dos instrumentos usados pela equipe da Fisioterapia atuante na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (Utin) e no berçário do Hospital Geral Dr. Waldemar Alcântara (HGWA), unidade da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), gerenciada pelo Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar (ISGH). O trabalho é voltado para a integração sensorial dos pequenos, estimulando diversos sentidos.

A dona de casa Mônica Soares acompanha as filhas Maria Alice e Maria Clara na unidade.  As gêmeas nasceram prematuras, no último dia 14 de março, em Jaguaretama, e foram transferidas para o equipamento em decorrência do quadro de saúde instável.

Após um mês de internação, Mônica, de 26 anos, presencia a evolução das meninas. “Eu vi uma das técnicas realizadas pela fisioterapeuta. A profissional fez um exercício de coordenação motora. Tenho certeza de que isso é bastante importante para que eu consiga levá-las para casa bem”, avalia.

A fisioterapeuta Maria Cristina Freitas, atuante desde o início das atividades do HGWA, há 20 anos, mantém uma rotina de cuidados com os recém-nascidos. Ela, inclusive, elaborou um tapete sensorial, com EVA e outros materiais de texturas distintas.

“Após a estabilidade do bebê na Utin, iniciamos as primeiras intervenções. Contemplamos um sistema tátil, além da terapia com ofurô, favorecendo o desenvolvimento psicomotor e respiratório”, detalha Freitas. “Também usamos figuras impressas em preto e branco para a estimulação visual”, continua.

Redeterapia e outras estratégias
Há, ainda, a redeterapia, na qual uma mini rede é utilizada quando o bebê apresenta irritabilidade ou estresse, promovendo relaxamento e aconchego. A técnica simula a vida intrauterina.

“Quando a criança sai da Utin e vai para o berçário, experimenta outros sistemas sensoriais fundamentais para a evolução. Os bebês precisam organizar o sistema sonoro por meio da musicoterapia; o visual, com apresentação de imagens; e até mesmo o ciclo circadiano, entendendo o que é dia e o que é noite, por exemplo. Esses recém-nascidos não possuem a mesma experiência daqueles que estão em casa”, diz a fisioterapeuta.

A coloterapia, o método canguru, baseado no contato pele a pele, e os polvos de crochê também contribuem para o fortalecimento do vínculo entre mãe/pai e filho. Os artesanatos são doados para as mães cujos bebês estão internados na Utin. “Os bichinhos são colocados da cabeça à ponta dos pés do bebê. Os tentáculos próximos à pele simulam o cordão umbilical. Após a alta, os itens podem ser levados para casa e usados como brinquedos de estímulo”, afirma Maria Cristina Freitas.

Engajamento
A pediatra neonatologista e coordenadora da Utin, Jocélia Bringel, ressalta os resultados positivos percebidos por toda a equipe de profissionais. Diminuição no tempo de internação, melhora do ganho de peso e fortalecimento do sistema imunológico estão entre os principais benefícios das estratégias.

“O contato físico, o toque e o acalento são fundamentais para o desenvolvimento de bebês prematuros ou com prematuridade extrema, que chegam a ficar até 120 dias internados. As iniciativas são fantásticas e cativam a equipe inteira”, pontua Bringel.

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