No esforço de escrever melhor, acreditamos que alguns recursos são válidos, como usar sinônimo em tudo, para evitar a repetição de palavras, ou fazer um texto longo demais para provar o domínio dos vocábulos. Na nova coluna do Clube do Português, Pedro Valadares ensina alguns recursos que potencializam o texto.



Foto: Reprodução / Internet


Escrever corretamente, explica Pedro Valadares, jornalista especializado em revisão de texto e coordenador do Clube do Português, é uma “ferramenta de potencialização da credibilidade do seu texto”. No entanto, no esforço de escrever melhor, acreditamos que alguns recursos são válidos, como usar sinônimo em tudo, para evitar a repetição de palavras, ou fazer um texto longo demais para provar o domínio dos vocábulos.


Nesta coluna do Clube do Português, Pedro aponta três dicas simples para escrever bem e melhor. Uma pista: às vezes, a repetição de palavras é intencional e tem como objetivo gerar um efeito estilístico. É a chamada anáfora.


Se eu pudesse dar três conselhos para quem quer escrever bem, seriam:

1) Não use as palavras aleatoriamente. Cada vocábulo tem um significado específico. Não existe sinônimo perfeito. Então, pense bem na hora de escrever para ver se a palavra que você escolheu é mesmo a mais adequada. Por exemplo, amar e adorar são sinônimas, mas têm sentidos distintos e carga semântica diferente.


2) Seja econômico. Nada é pior do que ler um texto de um autor prolixo. Se você pode dizer algo com duas palavras, não use três.


3) Acredite no seu potencial, desenvolva seu próprio estilo e preze pela qualidade. Escrever corretamente não é um capricho. É uma ferramenta de potencialização da credibilidade do seu texto.

Repetir palavras é bom ou ruim?

O senso comum diz que repetir palavras empobrece texto. Isso é uma meia verdade, que se aplica quando esse artifício é utilizado por conta de pobreza vocabular, ou seja, porque a pessoa não consegue encontrar sinônimos para determinada palavra.


Contudo, há casos em que a repetição é intencional e tem como objetivo gerar um efeito estilístico. É a chamada anáfora. Por exemplo, a música cantada por Elza Soares diz: “a carne mais barata do mercado é a carne negra”. A repetição da palavra “carne” tem um objetivo semântico de associar a expressão “carne negra” ao racismo.


O segredo, como eu disse, é não utilizar as palavras aleatoriamente. Se você escolher de forma criteriosa os vocábulos, o leitor entenderá que a repetição não foi uma falha vocabular, mas sim uma estratégia argumentativa.


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