Doutora em História Social, Beatriz Kushnir lançou pela Boitempo, nos 40 anos do golpe de 1964, um livro nascido de intensa pesquisa sobre um dos aspectos fundamentais do regime militar – sua relação com os órgãos de imprensa, da censura à colaboração. A pesquisadora explora a formação, as bases jurídicas e as diretrizes que orientavam o trabalho da censura, baseando-se em extensa pesquisa documental além de entrevistas, inclusive com onze censores – aspecto inédito – cujo trabalho era ‘filtrar’, na imprensa e nas artes, o que incomodasse o regime não só no campo político, como também na cultura e até no campo da moral.


Outro foco do trabalho é a cumplicidade da imprensa, especialmente da Folha da Tarde – veículo onde trabalhavam vários militantes de esquerda até a época em que o jornal ficou conhecido como Diário Oficial da Oban (Operação Bandeirantes) – com o regime militar e seu aparelho repressivo – os diretores do jornal eram ao mesmo tempo funcionários da polícia, reconhecidamente. Eles mesmos confirmam em entrevistas. O livro toca num tema delicado, e indiretamente critica historiadores de renome que fazem a história da imprensa ‘esquecendo’ o caso da FT. ‘Cães de guarda’ explora os limites entre a censura, a auto-censura dos jornalistas e a complicada convivência entre governo e imprensa durante a ditadura militar.


Cães de Guarda

Autor (a): Beatriz Kushnir

Páginas: 408

Editora: Boitempo

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