A Campanha da Fraternidade de 2018, com o tema Fraternidade e Superação da Violência, atenta-nos para a seguinte afirmação: “Cada vida importa”. Pensar nos outros faz-nos consequentes e corresponsáveis, na construção da paz, no enorme desafio de superação da violência. Isso significa, antes de mais nada, um envolvimento ético, no sentido de nos voltarmos à vida solidária, na busca da verdade, da tolerância e da paz. Vale lembrar aqui Dom Helder Câmara, grande apóstolo da não violência ativa, com métodos pacíficos, deixando claro, e com todas as letras, que é necessário promover mudanças estruturais, mas acompanhadas de uma profunda mística, no sonho de homens e mulheres livres; da face da terra renovada.

O amor como dom e graça, ao ser exercitado na vida dos cristãos, contraria o espírito da violência no mundo, contagiando, de um modo pedagógico, a família dos filhos de Deus, a ponto de sacrificar seus interesses pessoais, num programa que contenha contundentes marcas do amor misericordioso de Deus, mas com traços sólidos, arrojados e inconfundíveis, na contemplação daquilo que parece distante, que de verdade importa para Deus: a vida como um todo, num clamor e grito por mudanças, longe de todo tipo de violência.

Devolver a esperança aos que se encontram no fundo do poço só mesmo a partir do mandamento maior: “amai-vos uns aos outros”, compreendido e acolhido como generosa proposta divina. Claro que depende de cada pessoa entrar na lógica do Reino, anunciado por Jesus de Nazaré, no amor aos irmãos, associados, e nunca perdendo de vista o mistério da cruz, como glória de Deus e vida de homens e mulheres de boa vontade. De olhos elevados aos céus, num compromisso terno e filial para com Deus, seja de que cada pessoa importa.

A violência faz-nos pensar nos tímidos, confusos e escassos registros de amor ao próximo, por vezes conflitantes e superficiais, contrapondo-se ao sonho acima mencionado, no artífice da não violência, ensinando-nos a revolução de um mundo com novas estruturas. Como lançar claridade, ao depararmo-nos com um ambiente paradoxal, desconfortável e sombrio? Distanciando-se de sonhos, interesses e desejos pessoais; do individualismo, que faz-nos pensar em nós mesmos, em prejuízo do bem maior, só mesmo pela dadivosa providência divina. Assim seja!

*Pároco de Santo Afonso e vice-presidente da Previdência Sacerdotal, integra a Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza – geovanesaraiva@gmail.com

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