O Brasil vive momentos favoráveis à ampliação da democracia. Bons ventos sopram nessa direção e trazem consigo fatos alvissareiros, como a instalação da Comissão Nacional da Verdade, quase seis meses depois da sanção da lei que a criou; igualmente sancionada há exatos seis meses, entrou em vigor a Lei de Acesso à Informação, que regulamenta o direito constitucional de acesso dos cidadãos às informações públicas. Trata-se de um significativo avanço, já que o ex-presidente FHC – o Coisa Ruim – queria que os documentos confidenciais, reservados, secretos e ultrassecretos ficassem eternamente fora do alcance dos cidadãos.
Agora– e isto é um fato histórico dos mais relevantes – todo e qualquer cidadão poderá acessar informações públicas. Para tanto, precisamos vencer um grande desafio que é a digitalização de todos os documentos, bem como a universalização do acesso à Internet. Isto fará com que os mais longínquos rincões do País sejam beneficiados.
Esses bons ventos trazem também o total desmascaramento da revista Veja, o lixo do jornalismo brasileiro que, infelizmente, ainda é a semanal de maior tiragem no País. O que vimos falando aqui há anos sobre esse órgão canceroso, finalmente está sendo comprovado. E a instalação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira vai, certamente, trazer à lume o envolvimento da revista da Editora Abril com o crime organizado. Aliás, o deputado Fernando Ferro (PT-PE) enfatiza que a Veja é o próprio crime organizado.
O diretor da sucursal dessa revista em Brasília, jornalista Policarpo Júnior, não terá como negar o seu envolvimento com a quadrilha de Carlinhos Cachoeira, e que esse envolvimento tem a anuência e cumplicidade do senhor Roberto Civita – o Rupert Murdoch brasileiro, que será, também, obrigado a depor junto à CPMI do Cachoeira. Esta é uma oportunidade ímpar para o desmascaramento completo desses crápulas e dos hipócritas amestrados que “veem” censura em toda manifestação de desmascaramento da velha mídia conservadora, venal e golpista.
E na esteira da Veja a Rede Globo será, igualmente, desmascarada. Essa possibilidade está deixando insones os filhos do senhor Roberto Marinho que se apressaram em fazer a defesa de Policarpo Júnior e de Roberto Civita. Aí será o abraço de afogados. A serviço do desmoralizado senador Demóstenes Torres e do contraventor Carlinhos Cachoeira, a Veja manchetava na sua capa uma grande mentira contra o governo Lula e o Jornal Nacional repercutia no sábado e o Fantástico no domingo punha mais molho, suitando durante toda a semana, e assim derrubava um ministro.
Quem também poderá ser desmascarado é o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, que blindou o senador Demóstenes Torres e corroborou com as mentiras da Veja levando pessoas competentes e probas à rua da amargura, como aconteceu com o então ministro dos Esportes, Orlando Silva. Gurgel está esperneando, mas terá de depor.
Outro fato importante trazido pelos bons ventos é o retorno dos jovens às ruas com muita determinação. Trata-se do movimento Levante Popular da Juventude promovendo o esculacho a torturadores e agentes da repressão em todo o País. Os esculachos – ou escrachos – são ações semelhantes às ações promovidas na Argentina e Chile em que os jovens fazem atos de denúncias e revelações de torturadores da ditadura militar que não foram presos ou julgados.
Porém o fato mais importante trazidos por esses bons ventos é a real possibilidade da presidenta Dilma Rousseff resolver enfrentar a velha mídia e sugerir ao Congresso Nacional um novo marco regulatório da comunicação. A democratização da comunicação é defendida por todos os setores democráticos e progressistas da sociedade, tendo à frente a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), os 27 sindicatos dos jornalistas do País e o Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação –FNDC.
Messias Pontes é jornalista – messiaspontes@gmail.com