A Igreja sempre contou com a imagem do pelicano, pássaro que na Europa Medieval era considerado animal singularmente zeloso. Ele alimentava os filhotes com o alimento tirado da sua própria bolsa e, se chegasse a faltar alimento, esse pássaro, numa maneira inaudita e divina de proceder, os alimentava com o próprio sangue. Vemos, na personificação do expressivo quadro do pelicano, o abraço e a configuração: Pelicano e Eucaristia. Diante disso, temos o belíssimo comentário de São Jerônimo, sobre o Salmo 102, na seguinte assertiva: “Sou como um pelicano do deserto, aquele pássaro bom que fustiga o peito e alimenta com o próprio sangue os seus filhos”. Ele é o símbolo da obediência da entrega do Filho de Deus, o qual nos convida, com Ele, a nos configurarmos.

O pelicano quer representar todos os que abraçam o mistério da salvação, numa atitude totalmente solidária, deixando-se conduzir pelo espírito de Deus, a caminho da glória. Quão enorme é a simbologia do pelicano, isto é, da Paixão de Cristo, na Eucaristia e na autoimolação – o Cordeiro pascal. Esse tipo de ave costumava sofrer de uma doença que o deixava com uma marca vermelha no peito. Outra versão é a de que esse tipo de animal tinha o hábito de matar os seus filhotes e, depois, ressuscitá-los com seu sangue, o que seria análogo ao sacrifício redentor de Jesus, no Seu memorial de morte e ressurreição.

Na nossa disposição sempre renovada de mergulhar em Deus, voltemo-nos para Santo Tomás de Aquino, ao asseverar: “O pelicano bom a nos inundar com vosso sangue, sangue no qual, através de uma só gota, quis salvar o mundo inteiro”. Que o pássaro bom, Nosso Senhor Jesus Cristo, indique-nos o caminho da Páscoa eterna, ensine-nos a amar mais a Eucaristia, sacramento no qual Jesus se acha presente, com seu corpo, sangue, alma e divindade, como banquete sagrado!

Que a nossa fé na Eucaristia, pão que sacia a vida dos seres humanos, empolgue-nos e fascine-nos não só em momentos circunstanciais da vida, mas que nos leve a um forte e consequente desejo de aprender sempre e cada vez mais a vivermos animados e com a marca da esperança, voltando-nos para Jesus, o bom pelicano de todos os tempos.

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