Sempre me impressionei com o fato de a imprensa noticiar tanta desgraça, como se os telespectadores, os assinantes de jornal, os ouvintes de rádio se felicitassem apenas se ouvissem falar sobre as coisas ruins que acontecem ao seu redor e no mundo.
Se bem prestarmos atenção, até mesmo os telejornais mais sofisticados dedicam grande parte de suas notícias em divulgar fatos nada agradáveis, corrupção, violência, acidentes, abusos das mais variadas formas. Nos jornais escritos, desgraça não é mais noticiada apenas na parte policial.
E sempre me questionei: será que ninguém anda fazendo nada de bom nesse país? Claro que não. Muita gente anda fazendo boas coisas nesse país, em especial, aqueles que se dedicam ao serviço voluntário, arranjando um tempo de seu precioso tempo para ajudar o próximo.
Um exemplo claro disso foi a reportagem sobre a Escola de Dança de Paracuru, contando a história de um menino filho de pescador que cedo descobriu a paixão pelo balé e teve de enfrentar os maiores dissabores, principalmente, dentro de sua própria família e da pequena cidade, para seguir adiante em seu objetivo e realizar seu grande sonho.
O mais interessante dessa história: Flávio Sampaio percorreu o mundo, vivenciou experiências invejáveis em sua árdua profissão, poderia ter continuado dançando nos palcos ou ministrando aulas nas melhores escolas da Europa, no entanto, quis voltar para a sua terra e ali repassar para aqueles que desejassem aprender, toda a experiência vivida.
A vida é assim. Sempre tem de existir aquele que abre o caminho, aquela espécie de mártir que enfrenta os piores dissabores para encorajar os demais a conquistar seus sonhos, mostrando que não importa de onde você veio, o meio social em que vive ou as condições que a vida lhe ofereceu, porque a verdadeira diferença fará em como será utilizado o seu talento, o caminho que trilhará para alcançar seus objetivos.
Quantas pessoas encontramos assim ao longo de nossa vida e as vezes nem reparamos… Talvez seja a hora de se noticiar tantas outras histórias de vida interessantes. Chega de desgraça.
* Artigo publicado em 21.06.2010 no jornal O Estado e reproduzido neste site com autorização da autora.
