Nova edição do projeto irá contemplar o dobro do público da primeira edição, com 80 vagas e início das aulas em janeiro

Depois do sucesso da primeira edição, ocorrida entre dezembro de 2019 e novembro de 2020, com pausas devido à pandemia, o projeto TEA(MAR), realizado pela Associação Fortaleza Azul (FAZ), ganhará uma nova edição em 2022. A iniciativa tem por objetivo proporcionar bem-estar, qualidade de vida e inclusão esportiva e social para pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e suas famílias, com aulas gratuitas de stand-up paddle, na Praia do Mucuripe, em Fortaleza. Ao todo, serão abertas 80 vagas para autistas com idade a partir de quatro anos, residentes em Fortaleza ou Região Metropolitana.

Desta vez, o projeto será dividido em duas turmas de 40 alunos cada, que terão vivências na prática do esporte durante seis meses. As inscrições serão abertas na quarta-feira, dia 01 de dezembro, quando será disponibilizado um formulário no perfil do projeto no Instagram (@projetoteamar). As aulas terão início no dia 08 de janeiro e ocorrerão quinzenalmente, sempre aos sábados.

O projeto TEA(MAR) é desenvolvido em parceria com a Ceará SUP Club, escola especializada no ensino e prática do stand-up paddle. Todos os alunos serão acompanhados, individualmente, por um instrutor profissional ou estudante da área de educação física. Além dos benefícios terapêuticos da prática esportiva, o projeto também proporciona ganhos significativos para a inclusão e a socialização das pessoas autistas.

Aprovado na Lei de Incentivo ao Esporte do Ceará, do Governo do Estado do Ceará, em edital da Secretaria do Esporte e Juventude (Sejuv), o TEA(MAR) conta com apoio da Enel Ceará, mas segue em busca de novos parceiros que possam contribuir para o alcance de um maior número de pessoas com autismo.

A diretora administrativa da FAZ, Renata Fernandes, explica que, antes do início oficial do projeto, foram realizadas aulas experimentais de stand-up paddle com crianças e adolescentes que fazem parte da Associação, para testar a adaptabilidade delas ao esporte. Os resultados foram positivos e, a partir disso, surgiu a ideia de ampliar a experiência para um número maior de pessoas. “Os ganhos foram percebidos de muitas maneiras ao longo deste primeiro ano de funcionamento do projeto. Além do desenvolvimento motor, da socialização, da autonomia, e da diversão proporcionadas para os participantes, o que mais nos enche de orgulho é observar a superação deles a cada novo passo conquistado dentro da vivência do esporte”, ressalta Renata, que também é mãe de George Fernandes, de 8 anos, e um dos beneficiados com a primeira edição do projeto.

Dados sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA)

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que há cerca de 70 milhões de pessoas com autismo em todo o mundo. No Brasil, ainda não é possível quantificar as pessoas que possuem o espectro, pois não há dados oficiais sobre o assunto. Somente em 2019 foi sancionada a lei 13.861/2019, que prevê a inclusão de perguntas sobre o TEA no censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística Site externo (IBGE), mas devido à pandemia, o levantamento que deveria ter sido realizado em 2020 foi adiado.

Por falta de pesquisas concretas sobre a prevalência no país, o Brasil se baseia nos estudos do Center of Deseases Control and Prevention (CDC), agência do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos, que em março de 2020 divulgou dados que mostram uma prevalência de uma em cada 54 crianças com autismo no mundo. Seguindo essa conta, o Brasil apresenta mais de três milhões de pessoas com TEA.

Outro relatório do CDC sugere que estão acontecendo mais diagnósticos precoces de 2014 para 2016, o que leva a crer que cuidadores e profissionais de saúde estão detectando o autismo mais cedo. Isso pode estar relacionado à crescente conscientização da sociedade e também entre os profissionais de saúde sobre a necessidade de triagem e tratamento do TEA.

Sobre o Stand Up Paddle

O Stand Up Paddle Boarding, ou SUP, é um desporto aquático, variante do surf, no qual o praticante, em pé numa prancha, usa um remo para se mover na água. A atividade tem raízes na Polinésia e foi desenvolvida no Havaí, no começo da década de 1960.

No início dos anos 2000, alguns surfistas havaianos como Dave Kalama, Brian Keaulana, Rick Thomas, Archie Kalepa e Laird Hamilton começaram a praticar o Stand Up Paddle como uma forma alternativa de treino, quando o mar não estava em condições para a prática do surf, o que passou a ser copiado em vários países. No Brasil, o desporto chegou por intermédio de dois surfistas (Jorge Pacelli e Haroldo Ambrósio), que trouxeram equipamentos modernos e passaram a disseminar a prática. O interesse foi crescendo e se tornou febre, praticado em praias do Rio de Janeiro, litoral São Paulo, no sul do país, em lagos em Brasília e mais recentemente de maneira muito forte em diversas praias do Nordeste, como foi o caso de Fortaleza.

Sobre Associação a Fortaleza Azul (FAZ)

A Associação Fortaleza Azul (FAZ) existe desde 2015 e tem como objetivo reunir familiares de pessoas com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) para ações de conscientização, informação e inclusão desses indivíduos na sociedade. Atualmente, a entidade conta com cerca de 300 famílias associadas.

Entre as ações realizadas ao longo dos anos estão projetos como sessões de cinema adaptado para autistas; Jornadas de Autismo durante o Dia Mundial do Autismo, em parceria com profissionais de saúde, entidades governamentais e empresas; encontros de familiares de pessoas com TEA para debates e acolhimento; palestras em escolas e capacitação de educadores na inclusão de autistas nas escolas regulares; além de datas comemorativas e em parceria com grandes instituições em Fortaleza.

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