Às vezes me pergunto se Deus está vendo determinadas coisas.


E, tendo consciência de estar pecando me pergunto se ele não se arrependeu de ter salvado uma humanidade tão suja, hipócrita e mal intencionada. De imediato peço perdão por pensamentos tão amargos, por, nem que seja por um instante pensar em desistir dos homens. Isso aconteceu porque me deparei com uma notícia que mexeu com minha alma. Não dá para fingir que não aconteceu. Não dá para fingir que não acontece com frequência.


Uma criança de dois anos servindo de objeto sexual para um coronel reformado da Polícia Militar do Rio de Janeiro. Aquele que deveria servir de exemplo de luta e ordem. Que tem como missão proteger a sociedade contra a violência, honrar e resguardar as pessoas. O tal policial, que ostenta três lindas estrelas douradas  passeava com a criança, que estava sem roupa, dentro do carro. Havia parado para comprar um lanche e não sei por qual motivo achou que as pessoas que vissem a cena achariam normal. Que bom que ainda temos pessoas sensatas no mundo! Após aviso e chegada da polícia, ele tentou subornar os policiais, mas, felizmente foi levado à delegacia. Está preso. Aliás, ele já cometeu crime contra crianças há muito tempo. Anos 90, na ocasião as três estrelas eram prateadas. Ostentava então o posto de capitão. Esse mesmo policial foi preso em flagrante por tráfico de bebês.

 

E a dúvida permanece na minha cabeça. Sigo pedindo para que mais e mais pessoas sigam aliadas em crimes dessa natureza. Que o poder de indivíduos como o coronel citado não ultrapasse o limite da nossa razão. Que o seu fenótipo onipotente, todo-poderoso, que esconde o seu verdadeiro eu por trás da patente alcançada, não nos intimide para denunciar pessoas que, assim como ele, se camuflam em seus cargos. Que nós não deixemos de acreditar nos policiais que fazem jus à farda, que trabalham e lutam incansavelmente para chegar ao reconhecimento, à promoção. A tão aguardada estrela. Ela que representa o sentimento de dever cumprido, de que o trabalho tem valido a pena.  Que a nossa lamentação não seja mais forte do que a nossa fé em Deus. Que não sepulte a nossa necessidade de uma sociedade justa.


Que eu não questione mais a minha fé.


Márcia Rios –  Jornalista. E-mail: marciariosjor@gmail.com


 

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