Estado democrático só com a liberdade de expressão e de imprensa garantidas pela lei. As duas sofrem constrangimento. A liberdade de expressão acossada por estados totalitários espalhados pelo mundo. A liberdade de imprensa ameaçada pelas novas tecnologias e pela falência do modelo capitalista de negócio. Uma grande empresa, com muitos funcionários, faturamento robusto, distribuição de dividendos para seus acionistas, proprietária de um ou mais veículos de comunicação está em crise. Há uma busca frenética para um novo modelo de negócio para enfrentar a crise que abate esses empresas  há aproximadamente 25  anos nos Estados Unidos e Europa e há uns dez no Brasil. Há queda do faturamento e a consequência lógica disso é a demissão de funcionários, especialmente jornalistas. Com isso, certamente, cai a qualidade do noticiário.

 

A plataforma de papel e tinta, publicada diariamente, está em seus estertores. O ecossistema jornalístico mudou muito rapidamente. A publicidade fugiu dos jornais em busca de outras oportunidades no mundo digital. Os adoradores de noticias tem seus caminhos internéticos gravados em seus gadgets de todo  formato e tamanho. A noticia está no bolso, ou na pasta, ou na mala, ou no elevador. Não mais necessariamente nas bancas da esquina. Pergunte ao jornaleiro como está o faturamento dele na banca, e se é capaz de sobreviver sem a verdadeira lojinha de conveniência em que se converteu o seu negócio.


Empresas jornalísticas estrangeiras optaram pelo sistema do paywall, ou seja, de assinantes que pagam para ler todo o conteúdo do jornal na internet. Algumas já chegaram a um milhão de pagantes. No  entanto ainda demitem os jornalistas o que mostra que nem tudo é céu de brigadeiro. É bom lembrar que as assinaturas digitais custam menos do que as assinaturas físicas, ainda assim há resistência por parte do público. Ou seja, assim como as luminuras medievais foram substituídas pela prensa de Gutenberg, o papel e tinta vai sucumbir aos bit e bytes. É inexorável, por mais apego que se tenha pela textura da plataforma antiga.

 

As empresas que editam jornais no Brasil perdem faturamento desde 2008. A cada ano a perda é maior. Elas buscam, como em outros lugares do mundo, um substituto para o modelo de negócio que se iniciou no Século 19. A “fábrica” de jornal que apurava, reportava, editava e publicava com o suporte comercial dos anunciantes está falida. Vai fechar. Já se chegou a conclusão que é preciso investir em novas plataformas e formatos na tecnologia que embala o mundo, as plataformas móveis, os smartphones. Antes eram exclusividade dos jovens,  hoje estão no bolso de todos. Vai restar dos antigos jornalões a credibilidade da marca,  que se constitui em fator do diferencial competitivo entre as empresas. Elas são valiosas e não podem se perder. Com a convergência de mídia a mesma marca abarca texto, vídeo, som, arquivo, compartilhamento, relacionamento. Vai ser o chapéu que cobre todos os canais por onde as notícias com credibilidade fluirão.


Heródoto Barbeiro – é escritor e jornalista da RecordNews e R7.com – herodoto@r7.com


*Artigo reproduzido neste site com autorização do autor

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