As recentes vitórias do Estado na guerra travada contra os traficantes no Rio de Janeiro são motivo de satisfação para os brasileiros. Mas também de preocupação. Há precedentes de que, quando acossados, criminosos procuram mudar de lugar de atuação, da forma de agir e às vezes até de atividade criminosa.


É natural supor que os traficantes expulsos de morros cariocas estejam à procura de novos mercados e territórios. Cabe aos cearenses tudo fazer para que o Ceará não seja uma alternativa para eles. Este é um tipo de visitante que não nos interessa.


Na verdade, uma possível vinda desses traficantes seria um agravamento de uma situação de segurança que já é preocupante. Mesmo assim, ainda há tempo de evitarmos que se instalem cartéis de drogas no nosso Estado.


Antes que se chegue às proporções atingidas pelo tráfico no Rio de Janeiro devemos promover ações efetivas de mapeamento e varreduras preventivas para identificação e eliminação dos focos já existentes. Os riscos que estamos correndo são de tal monta que não é razoável qualquer postura de espera ou adiamento de medidas.


Como sabemos, o consumo de drogas é difícil de ser extinto porque nem todos os consumidores serão capazes de se livrarem desse mal escravizante. Porém, é necessário trabalhar de forma a reprimir o comércio de drogas e preventivamente eliminar os meios que lhe dão suporte.


Nas batalhas recentes do Rio contra o tráfico, o Disque Denúncia foi um exemplo de apoio fundamental para uma participação da população de forma segura. Fortaleza já teve uma experiência dessas, com um Disque Denúncia proporcionado à sociedade pelas classes empresariais, que continuam desejosas de contribuir de forma efetiva para a melhoria da segurança pública.


Evidentemente que todo esforço da sociedade será sempre um complemento às ações das autoridades governamentais. Embora o nosso nível de vulnerabilidade quanto à segurança esteja ainda bem distante daquele vivido pelo Rio de Janeiro, podemos tirar lições do modo integrado e sistêmico como vem funcionando ultimamente o combate ao tráfico naquele estado.


Chamou-me a atenção nas operações do Rio de Janeiro, a criação de uma ambiência integradora que possibilitou a atuação dos mais diversos agentes, trabalhando sob um comando unificado, capaz de realizar ações complexas, aproveitando ao máximo as competências de cada um. As diversas forças tiveram suas prerrogativas e autonomias respeitadas para que pudessem desempenhar a contento suas responsabilidades e reduzir os espaços de contaminação por práticas corruptoras.


Já não seria o momento de exercitar aqui no Ceará uma ação efetiva e integrada, em caráter permanente, entre a Polícia Militar, Polícia Civil, Guardas Municipais, unidades de controle de trânsito e a Polícia Federal?


As drogas não são um problema do outro ou de outro lugar. Elas estão no nosso meio. O combate ao consumo e ao seu tráfico é um problema que exige a consciência e a ação integrada de todos: cidadãos e poderes públicos.


* Artigo publicado em 15.12.2010 no jornal O Povo e reproduzido neste site com autorização do autor.

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