À medida que fatos novos vão surgindo e desmascarando as farsas montadas pelos militares golpistas de 1º de abril de 1964, mais apavorados vão ficando aqueles que estão mais comprometidos com o terrorismo de Estado, em especial depois do famigerado Ato Institucional nº 5 (AI-5), de 13 de dezembro de 1968.

Esses oficiais recalcitrantes e insubordinados, que felizmente representam tão somente uma minoria, demonstram que são inimigos da democracia. Esses são daqueles que defendem uma democracia sem povo – com o Congresso Nacional fechado, o Judiciário tutelado e a imprensa amordaçada.

A guerra fria acabou e o caldo de cultura que propiciou o golpe militar de1964 não mais existe; tampouco a draconiana Lei de Segurança Nacional que continua somente na cabeça desses militares de pijama que teimam em desafiar a ordem constitucional vigente e o Estado Democrático de Direito. Mas engana-se quem pensa que vai ficar impune desafiando a presidenta Dilma Rousseff – Comandante em Chefe das Forças Armadas – e o ministro da Defesa Celso Amorim – comandante das três Forças.

Dilma Rousseff recebeu o mandato popular das mãos da maioria dos eleitores brasileiros num pleito democrático e transparente, apesar de uma sórdida campanha de mentiras e calúnias orquestrada pelas viúvas da ditadura militar, pela oposição conservadora de direita e sua velha mídia conservadora, venal e golpista.

O apavoramento dos generais de pijama está na razão direta dos crimes hediondos por eles cometidos. Estão temerosos de ir pra cadeia como estão os seus colegas de farda na Argentina, Uruguai e Chile, inclusive ex-presidentes da República como o general Jorge Rafael Videla, da Argentina.

 

Esse general da reserva Luiz Eduardo Rocha Paiva, até por ter chefiado a Escola do Comando do Estado Maior e ter sido secretário geral do Exército, sabe mais que ninguém que ele está brincando com fogo, pois a consciência democrática nacional e internacional não mais aceita a insubordinação de militares, notadamente os da reserva, com aventuras golpistas. Se conscientize, general Rocha Paiva, que no Estado Democrático de Direito as instituições armadas estão subordinadas ao poder civil.

As farsas montadas pelos militares golpistas para justificar os hediondos crimes por eles cometidos durante a ditadura militar (1º de abril de 1964/15 de março de 1985) a cada dia vão sendo desmascaradas. O fotógrafo-perito Sivaldo Leung Vieira confessou à Folha de São Paulo, edição de 5 de janeiro último,  que sua foto do jornalista Vladimir Herzog após ser morto sob tortura no DOI-Codi de São Paulo, em 1975, era – como já se sabia – uma encenação criada pelos militares.  Agora aparece o repórter fotográfico Sérgio Jorge, que fotografou o corpo de Carlos Marighella logo após o seu assassinato e diz que também foi uma farsa.

Esses generais e coronéis de pijama estão sedo levados ao ridículo e se isolando cada vez mais. Importantes setores organizados da sociedade civil brasileira estão vindo a público denunciar a atitude antidemocrática dessa minoria e hipotecar solidariedade à presidenta Dilma Rousseff e ao ministro da Defesa, Celso Amorim, ao mesmo tempo em que defendem a exemplar punição desses insubordinados.

Um grupo composto por 110 cineastas brasileiros lançou manifesto à Nação de apoio à Comissão Nacional da Verdade, à presidenta Dilma e ao ministro Celso Amorim. Entre eles, o cearense Wolney Oliveira, diretor da Casa Amarela da Universidade Federal do Ceará. Os cineastas brasileiros manifestam preocupação com a confrontação às instituições democráticas e o próprio Estado Democrático de Direito.

 

Os cineastas finalizam a nota afirmando: “Repudiamos os ataques desses setores minoritários das Forças Armadas brasileiras, que de forma alguma irão obstruir as investigações que devem ser iniciadas o quanto antes. Estaremos atentos para que tal Comissão seja composta por pessoas comprometidas com a democracia e com a verdade.”

Também a Rede Nacional de Advogados Populares (Renap) lançou uma Nota de Repúdio aos Manifesto dos Militares intitulada Calemos Já a Voz da Sedição. Nessa nota, os advogados integrantes da Renap condenam os que desafiam a autoridade da presidenta Dilma Rousseff e do ministro Celso Amorim, além das ministras Maria do Rosário, dos Direitos Humanos, e Elionora Menicucci, da Secretaria Nacional de Políticas para as Mulheres.

Essa nota, assinada pela Direção Nacional Consulta Popular, finaliza enfatizando “Todo apoio à presidenta Dilma Rousseff na punição dos sediciosos violadores da disciplina militar. Todo apoio à Comissão Nacional da Verdade! Pela Memória, Verdade e Justiça!”

Até o momento, a velha mídia conservadora, venal e golpista tem procurado se manter equidistante, posto que apoiou o golpe militar de 1º de abril de 64. Alguns ingênuos esperavam editoriais condenando a insubordinação dessas viúvas da ditadura e em defesa da presidenta da República e do ministro da Defesa e do próprio Estado Democrático de Direito. Porém nenhuma linha foi escrita nesse sentido. Nenhuma palavra contra a insubordinação no Jornal Nacional da TV Globo. Nenhuma condenação também nos telejornais do SBT e da Band. Nenhuma surpresa.

A impunidade dos criminosos da ditadura do Estado Novo motivou os golpistas de 1964 a praticarem os mesmos crimes e outros piores ainda. A Corte Interamericana de Direitos Humanos da OEA colocou o Brasil no banco dos réus pela não apuração e punição dos militares pelos crimes praticados  no Araguaia.

A impunidade é rechaçada por todos que amam a liberdade e a democracia.

Artigo publicado no jornal o Estado de 07 de março de 2012 e reproduzido neste site com autorização do autor.

Messias Pontes é jornalista – messiaspontes@gmail.com

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