É inexorável a marcha do tempo. Se o big bang é “vero” como costumávamos nominar a verdade nos anos 80, estamos todos em processo de expansão e, neste ir, neste seguir, neste avançar, tudo muda, como afirmou Heráclito em tempos pretéritos.


Portugal e Espanha já mandaram e desmandaram com suas frotas buscando novas rotas e descobrindo novas terras. Roma já teve seu apogeu, Gêngis Khan ditou as regras colocando sua Mongólia no pódio, enquanto hoje presenciamos os Estados Unidos da América no centro das decisões políticas no planeta azul.


Além de países e de personagens, os problemas também vão mudando, vão passando, vão se metamorfoseando. Como uma pessoa otimista em quase todas as situações vividas, acredito que hoje estamos bem melhor na fita que tempos atrás.


Coloco na exemplificação da minha exposição, a questão da escravatura. Assistindo ao filme Lincoln, percebemos o quanto era difícil para as pessoas daquele tempo dar liberdade a seres absolutamente iguais. Apesar de ainda existirem alguns preconceituosos e carcereiros humanos, isso é inadmissível nos tempos atuais para a grande maioria da população. Evoluímos e os antigos heróis abolicionistas já não existem mais, para nossa alegria, é claro.


E assim, com o passar dos tempos, vamos enterrando com honras e glórias vários tipos de heróis que doaram suas vidas para que determinados problemas pudessem chegar a um fim, mesmo que ainda resistam resquícios, restos, que tendem a sumir na expansão inevitável da nossa viagem cósmica pelo universo.


E assim, nossos filhos, netos ou alguns mais adiante, poderão reverenciar heróis ambientalistas, pois vão habitar um planeta que conseguiu finalmente respeitar seus limites, que encontrou a solução para as poluições, para a questão do esgoto, limparam os oceanos e deixaram os animais viverem suas próprias existências sem matanças e extermínios.


Vamos no futuro ouvir falar de todos àqueles que lutaram pelas liberdades democráticas, que doaram suas vidas para que pudéssemos ter um sistema político limpo, correto, que distribui renda levando em conta a força produtiva de cada um e, ao mesmo tempo, sendo humanista em sua essência, não incentivando a preguiça, mas não dando as costas para os menos privilegiados na corrida por empregos, bens públicos e produtos de consumo geral. Esses heróis serão lembrados com carinho.


Estamos aos poucos enterrando nossos heróis que desaparecem junto a causas que só queremos ver nos livros de história. A preservação da memória de todos que estão deixando como legado um planeta limpo de escravatura, de crimes de guerra, genocídios, preconceitos, de caça as bruxas, inquisições, torturas, cárceres privados, doenças, poluições, é um dever de todos nós.


O currículo escolar muda com o decorrer do tempo. Sugiro que incluam uma disciplina chamada: heróis. Precisamos sentir aquela alegria, aquela emoção, ter referência, exemplificação e aprender, com seres como Jesus Cristo, Gandhi, Mandela, Sai Baba, Luther King, Lincoln, São Francisco, Leonardo da Vinci e tantos outros que, ao saírem da zona de conforto onde está a grande maioria, em todos os tempos, puderam legar para todos nós, um lar mais tranquilo, menos problemático, lembrando que ainda continuamos precisando de heróis, para os novos desafios, os novos obstáculos, até que um dia, quem sabe, as profecias de um “Novo Aeon”, uma “Nova Era”, possam realmente ocorrer e, a nossa raça passe a existir honrando o nome que tanto amamos o de sermos seres: humanos.

* Flávio Rezende é escritor, jornalista e ativista social em Natal/RN – escritorflaviorezende@gmail.com)

 

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