Rabindranath Tagore (1861-1941), escritor e poeta indiano, laureado com o Nobel de Literatura de 1913, denunciou o drama das mulheres de seu país numa sociedade que, a seu tempo, as tratava como mera mercadoria, ridicularizando e condenando as poucas que se insurgiam contra aquela situação. Tagore mostrou o tratamento desumano e desigual dado às indianas, que não tinham direito a escolher o marido ou a irem à escola, entre tantas outras limitações decorrentes do sistema de castas.


A discriminação contra a mulher é ainda intensa no mundo, notadamente na África e Ásia. Na cidade paquistanesa de Jhang, situada na província do Punjab, por exemplo, é comum encontrar mulheres com a face deformada em consequência do ácido jogado pelos maridos, à menor suspeita – muitas vezes, inexistente – de traição. O Paquistão é um país islâmico e bem sabemos que, pelas leis do Islã, a mulher é duramente punida por preceitos discriminatórios e brutais. Geralmente sem chance de defesa, submete-se ao império do marido, pois dele depende para a própria sobrevivência.


A condição feminina é dramática também na África, onde são vítimas frequentes de estupro em países como a África do Sul, ou sofrem mutilação sexual para que não sintam prazer, em muitas tribos daquele continente. No Ocidente, apesar dos reconhecidos avanços profissionais e sociais, que lhes permitiram ocupar inúmeros espaços antes ocupados apenas pelos homens, as mulheres ainda sofrem violência, preconceito e humilhação, como ocorre na Europa, onde muitas são vítimas do tráfico e da exploração do sexo.


No Brasil, a despeito da Lei Maria da Penha, que surgiu para agir em sua defesa, muitas mulheres ainda são assassinadas pelos companheiros ou, ainda, vítimas de assédio moral e/ou sexual. No Ceará, o Cariri é a região campeã em homicídios desse gênero. Ressalte-se também a precariedade da rede de assistência à saúde da mulher, pois são muitos os problemas vividos por elas em nossos hospitais públicos. Progressos já ocorreram, mas muito há que ser feito para que se dê completa dignidade e valor às mulheres, construtoras de uma sociedade mais amorosa e equilibrada.

Artigo publicado no Diário do Nordeste e reproduzido neste site com autorização do autor

Gilson Barbosa é jornalista

 

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