Os cientistas são incoerentes quando tratam de lamber suas próprias feridas. Tentam explicar a vida através da evolução, da seleção natural entre as espécies, esquecendo-se que a própria ciência ao traçar as “Leis da Termodinâmica”, especialmente a primeira e a segunda leis, coloca o fato da existência diante de situações insustentáveis sob a ótica do modelo materialista, de um universo desprovido de alma, evoluindo apenas segundo reações químicas. Resumindo, quando a ciência tenta beliscar questões relacionadas à existência, se embanana toda, uma vez que estas questões fogem ao restrito modelo científico contemporâneo.

A 1a Lei da Termodinâmica, a da conservação da energia, diz que “a energia pode ser convertida de uma forma para outra, mas não pode ser criada ou destruída”. Isto demonstra de maneira bastante conclusiva que o Universo não se criou sozinho, o que implica na consideração de algo superior à própria existência, fora dos moldes científicos, ao que, na falta de palavras e entendimento para definí-lo, reverentemente denominamos de “Deus”.

 

A 2a Lei da Termodinâmica, a famosa “Lei da Entropia”, diz que “em qualquer mudança física, a energia diminui constantemente em utilidade, tendendo a um estágio final de completo acaso e indisponibilidade”. Essa queda da ordem para a desordem elimina a possibilidade de uma lei básica de crescente organização, que transformaria sistemas existentes – como a própria vida – em sistemas superiores, ou seja, a evolução. Mas a evolução é um fato, ela existe!?

Por esta lei, haveria uma involução constante, e ao invés da bactéria se desenvolver ao longo de milhões de anos para constituir organismos superiores, aconteceria o contrário, involuindo até voltar a ser um mineral. Aliás, por essa lei, a bactéria não teria jamais acontecido, pois implica numa ordem superior aos seus componentes. Aqui, os cientistas teimam em desconsiderar uma onda vertical, organizadora, que não pode ser equacionada, e que poderíamos denominar simplesmente de “Vida”. Esta onda organizadora é chamada de princípio “Filho” (Cristianismo); “2o Logos” (Teosofia); ou “Vishnu” (Hinduísmo), um dos três princípios básicos que constituem e sustentam o Universo. Na sua totalidade, estes três princípios são denominados de “Pai” (1o Logos, Shiva), “Filho” (2o Logos, Vishnu) e “Espírito Santo” (3o Logos, Brahma).

Como podemos observar, a 2a Lei da Termodinâmica requer que o Universo tenha tido um começo, mas a 1a Lei não admite que tenha começado por si mesmo. Neste caso, a única conciliação possível para o problema seria reconhecer que o Universo foi criado por uma “Causa Transcendente”, e é aqui que o modelo científico dá um nó… mas vai em frente. Ao mesmo tempo em que prega a evolução das espécies, a ciência nos fala da Entropia… (Ah!)

A falta de visão do modelo vertical é a origem das grandes incoerências da ciência. Mas, mesmo com a visão fragmentada no seu restrito modelo, os cientistas cismam em querer detectar as incoerências em outros sistemas, que só parecem assim pelo fato de não serem abordados de forma conveniente, ou seja, segundo sua própria natureza. Quando observamos um fenômeno vertical à luz de um modelo horizontal, é óbvio que apresentará inúmeras incoerências… E vice-versa!

Quando a “ciência” passar a ser “Ciência”, e se abrir o suficiente para abranger os dois modelos de compreensão da realidade, separando e ao mesmo tempo integrando as duas formas – horizontal e vertical -, utilizando ambos hemisférios cerebrais e suas diferentes percepções, a razão e a intuição, aí terá se aberto o suficiente para alcançar a Grande Síntese; todas as atuais incoerências se tornarão extremamente coerentes, os paradoxos serão reconciliados, e tudo será visto como complementar, aspectos de uma visão polarizada, que, na síntese, se fundem num Todo Cósmico, perfeitamente ordenado, como não poderia deixar de ser neste nosso Universo Perfeito.

Aqueles dentre nós (inclusive cientistas) que se apegam à ciência objetiva da era clássica ficarão surpresos ao descobrir que ao mesmo tempo que a geometria euclidiana, que serviu de base para a mecânica newtoniana na antiga visão de mundo, apoiou-se numa presunção que não pode ser “provada”. Na verdade, revelou-se que vários outros sistemas “lógicos”, igualmente consistentes podem ser e foram desenvolvidos. Einstein mostrou que o espaço é curvo, e não plano como previra Euclides, e que  fenômenos como buracos negros e colapsos gravitacionais no espaço exterior desafiam leis que parecem ser verdadeiras na física clássica. O fato é que a ciência é tão subjetiva como qualquer outra disciplina, embora possa ambicionar maior clareza. Até mesmo os números aritméticos  que usamos são arbitrários, ao contrário das unidades dos druidas  ou dos egípcios, que eram baseadas em proporções da natureza (Blair).

Esse estado de coisas levou cientistas como John Wheeler a insistir em substituir a idéia de um observador pela de um participante na ciência (Sthepano Sabetti). Essa mudança do objetivo para o subjetivo, derivou da antiga crença tântrica, de que observador e observado são uma coisa só. Krisnamurti, um mestre espiritual moderno, também postula essa crença em seus debates filosóficos (viagem por um mar desconhecido).

O verdadeiro cientista busca a essência da vida; seja ele físico ou alguém em busca espiritual. Com coragem para escancarar a porta das possibilidades e ir além dos limites do conhecido, algumas vezes desviando-se para uma nova perspectiva ou experiência, sem garantia de que está correta ou de ser aceita. Ao mesmo tempo, é suficientemente lúcido para saber que ver uma luz não é o mesmo que viver na luz da verdade (iluminação).

É necessário que as portas da percepção se abram repetidas vezes a fim de admitir um novo crescimento e uma nova evolução. Por que a ciência (derivada do latim scire, conhecer), como qualquer esforço humano, é afinal uma aventura da consciência que não pode ser prevista, todavia apenas aceita como é. Da mesma forma que o físico, aquele que está numa busca espiritual também precisa conduzir sua “pesquisa”, que é uma procura contínua da essência da vida, i.é, um permanecer em contato com aquilo que já é de algum modo conhecidos (S. Sabetti).

É um engano supor que a ciência fará “descobertas” realmente novas; tudo o que podemos fazer é redescobrir o que é conhecido e expandir nossa consciência de modo tal  a fim de que as pessoas se abram e aceitem essas verdades. E para tal propósito, a ciência clássica é perfeitamente útil.

A teoria de Scatter ou da matriz S, nos demonstra que forma, força e meio podem ser vistos como três aspectos de um todo energético maior. O nome dessa teoria foi tirado da tábua matemática de probabilidades usadas para partículas que manifestam forte interação, os hadrons. De acordo com F. Capra, a “dispersão” ou colisão de hádrions na pesquisa subatômica representa um fluxo de energia através de caminhos não-físicos, chamados “canais de reação”. Canais que se parecem com cavidades aonde as forças energéticas reagem umas com as outras na formação de partículas. Uma partícula de vida efêmera, chama “ressonância”, é criada quando uma freqüência vibratória específica do canal de reação é atingida. Desse modo, as partículas têm mais o sentido de evento do que de objetos de longa duração, como propõe a física clássica (Sabetti).

As partículas da matéria (forma) são estágios intermediários de interação dos processo energéticos (forças) que são criados através de uma ressonância de vibrações distintas em, canais de reação (meio), nessa visão subatômica de mundo. Isto indica que nosso mundo está num estado transitório e depende da contínua interação de energia para existir. Dessa forma tudo existe através da ressonância de freqüências energética. E , portanto, a consciência age como um “meio” para os processos da alma, funcionando como fonte de energia para as vibrações que criam o mundo físico. Nosso campo espiritual atua como um canal de reação que permite que a energia seja processada em áreas específicas de freqüência , criando nossos corpos, nossas personalidades e nosso meio social (Sabetti). A maior ou menor percepção da extensão dos processos do espírito em nossa vida cotidiana depende de nosso nível de consciência.

(Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina)

Artigo publicado originalmente no Portal Órion e reproduzido neste site com autorização da autora

* Jane Eyre de Melo é psicóloga e filósofa – janemel@superig.com.br

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