Estamos estarrecidos com a incapacidade dos órgãos policiais de coibir ações e atentados à segurança das pessoas. Assistimos acuados e impotentes a crimes cada vez mais ousados. As cidades brasileiras estão loteadas pela marginalidade. E é pena se misturar marginalidade com pobreza.
A pobreza é uma situação de risco, que não leva, necessariamente, à marginalidade. O próprio presidente da República é exemplo disso. Filho de retirante, mãe abandonada pelo marido, muitos irmãos e deu certo. Trabalhou, tornou-se sindicalista e é hoje quem é. Assim, não há como aceitar ou atenuar ações de marginais que se dizem pobres e se arvoram em “donos” de áreas físicas das cidades, fecham o comércio, roubam, matam, vendem drogas, seqüestram e até são conhecidos da Polícia.
“Esse é o território do fulano”, “aquele é de sicrano” e por aí vai. Algumas TVs, concessionárias do poder público, têm programação de baixo nível, entrevistando delinqüentes, ouvindo pais descontrolados pela morte de filhos e ninguém toma providência. “Não é comigo”, dizem uns. “Acho é pouco, dizem outros”. Enquanto isso, pessoas e famílias são submetidas a constrangimentos, humilhações e extorsões por assaltos em prédios, em engarrafamentos por “flanelinhas”, roubos de veículos e seqüestros.
Os bandidos são articulados e citados por policiais que não os prendem. Até quando se vai conviver com a insegurança a amedrontar e maltratar a coletividade? O País cresce, há empregos. Indústria, comércio, serviços e a construção civil voltam a ocupar mão-de-obra com pouca ou nenhuma escolaridade. Organizações sociais, entidades e empresas trabalham, de verdade, em projetos de inclusão social, mas, paralelo a isso, a marginalidade sobe e a Polícia não dá cabo dos delitos. Ninguém sabe o que se gasta no Brasil com segurança privada. Estimam em R$10 bilhões/ano. Esses fatos mostram que a segurança pública deve ser prioridade, além da verborréia. Na prática e de fato. E, mais que toque de sirenes, é preciso que a Polícia se ajuste ao novo modelo da sociedade brasileira que, de forma pacífica, paga tributos de primeiro mundo e recebe tratamento de terceiro.
Artigo publicado no Diário do Nordeste e cedido pelo autor
João Soares Neto
Empresário e escritor
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