A Imprensa cumpre com o seu dever noticiando o que sabe. E sabe o que vê, o que ouve, o que sente. Não é por menos que Carlos Lacerda ia além de Rui, quando dizia: “A Imprensa não é apenas a vista da Nação, mas os ouvidos, a língua, o nariz da Nação”. O que temos noticiado agora tem vez em todos esses ´sentidos a que se referiam , repito, Rui e Lacerda.

Mas, o que chama a atenção é a junção de fatos que cobrem esses ângulos. Ou seja, nada está isolado, é a soma de todos os elementos. Aqui , neste ponto, o que eu sempre entendia e concluía nas minhas observações e reflexões: isso vai explodir. E com a explosão, o nascimento do novo. Ou seja, a cada fim , um outro.

“O que era sólido, se desfaz”, proclama Marx.

Qual o setor da vida brasileira imune a escândalos, desintegração? A família, em mudanças… No comércio, na indústria, nos quartéis e nas igrejas, na Imprensa e no parlamento , no Executivo e no Judiciário, os furos, o desnudar de fatos até então nas sombras ….E tudo se passando às nossas vista, feito nos altos dos telhados.. A nosso alcance. Sem uma reação, indiferentes e insensíveis, todos nós, então. Mas eis que de repente a chuva virou tempestade, a onda em maremoto, o cismo – terremoto. O sono acabou. A anestesia passou o efeito. A venda caiu.

“Isto não pode continuar.” E é por estar no epicentro do processo de deterioração que se torna insuportável e o clamor se universaliza, envolvendo todos os segmentos da sociedade brasileira.

“Isto não pode continuar.” Constatado o quadro de decomposição moral em que estamos e não mais sendo possível suporta-lo, o “outro” sucederá o presente.

Limpo das chagas que nos cobriam , sarado das pústulas que tomavam conta do organismo nacional , vai chegando o novíssimo Brasil.

Maldigo o presente? Não, até agradeço , porque do “maldito lenho, a salvação” – de novo a metáfora Atentemos, então, para o que se passa à nossa volta: daí nascerá a novíssima sociedade brasileira. Importante é ouvirmos o que falam … e vermos o que fazem os que estão à frente de todos os segmentos do País e , com certeza, proclamaremos: “o que era sólido, se desfez…”

* Artigo publicado no Jornal O Povo, edição de 5 de maio de 2009, e reproduzido neste site com autorização da autora.
Adísia Sá
– Jornalista. Integrante da Comissão de Ética do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado do Ceará
adisia@opovo.com.br

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