A Câmara dos Deputados promoveu quinta-feira, 17 do corrente, uma audiência sobre a obrigatoriedade do diploma para o exercício profissional de jornalista. Como não acredito em coincidência, lá não compareceram representantes do Supremo Tribunal Federal, Associação Nacional de Jornais e Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão. Temiam , o quê? As discussões seriam em dependência da Câmara, ante membros de comissões temáticas e delegados dos jornalistas. A fuga foi prova de que a cidadela sabia da fragilidade de suas munições.
Em artigo publicado neste mesmo espaço, na semana passada, apontei algumas das contradições do empresariado da Imprensa brasileira navegando contra a história, renegando o princípio básico do sistema econômico que o sustenta, abrindo as baterias contra o lucro & representado pela oferta da mão qualificada feita pelas escolas de jornalismo. Fechando as portas ao trabalhador especializado em tarefas cada vez mais segmentadas no processo produtivo jornalístico, o empresariado da comunicação dá as costas a outros industriais, cuidadosos na formação de seu pessoal :CNI, criada a 12 de agosto de 1938, administra o Senai, o Sesi, o Instituto Euvaldo Lodi (IEL) …CNC , nascido a 10 de janeiro de 1946 instalou escolas de aprendizagem comercial, todos em função de suas atividades.
O empresariado da comunicação reconhecerá a importância, principalmente econômica, do graduado em Jornalismo. A necessidade é imperativa e, à semelhança de outros segmentos empresariais brasileiros, abrirá as redações ao trabalhador especializado, pronto para o consumo e, infelizmente, a baixo custo…
A exigência do diploma de jornalismo , queiram ou não os empresários, será votada e aprovada no Congresso Nacional, onde a expressiva maioria dos senadores e deputados proclamaram abertamente o seu aval ao Projeto de Emenda Constitucional. Veremos, sim, veremos ANJ e Abert & sob as vistas do STF- recebendo em suas redações os jornalistas graduados das escolas de Jornalismo…
* Artigo publicado em 22.09.2009 no jornal O Povo e reproduzido neste site com autorização da autora.
Adísia Sá
– Jornalista. Integrante da Comissão de Ética do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado do Ceará
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