No Butão nos anos 1980, o rei Jigme Singye Wangchuck, ao responder a uma pergunta de um jornalista sobre o PIB daquele país, declarou que no Butão o que realmente importava não era o PIB, mas a FIB & a Felicidade Interna Bruta. Durante gerações a benevolente liderança do Butão tem assegurado que os princípios básicos da FIB sejam continuamente aplicados & atendimento médico e educação gratuitos para todos, proteção ambiental, uma distribuição relativamente equitativa da renda, governança justa, e uma profunda cultura espiritual que promove tanto o bem-estar interior quanto o sucesso material externo.


No Brasil, sob a orientação dos formuladores butaneses da FIB, juntamente com a equipe de especialistas internacionais, temos desenvolvido uma versão brasileira do questionário da FIB, que foi aplicada no ano passado num projeto-piloto na cidade de Angatuba, no interior do estado de São Paulo. Atualmente outros projetos-piloto estão sendo conduzidos em Campinas, numa parceria com a Unicamp, e na cidade de Itapetininga, juntamente com a Prefeitura Municipal.


A metodologia que vem sendo aplicada no Brasil não apenas mede o bem-estar da comunidade, mas também motiva a população para que faça esforços coletivos, em coordenação com o governo, empresas e ONGs locais para aumentar o seu bem-estar. Essa abordagem começa através de um programa com as crianças chamado de “Educação para a Felicidade“. Uma série de oficinas, durando seis semanas, capacita as crianças com as diretrizes básicas de como aumentar o seu bem-estar e a desenvolver sua resiliência emocional. Também as prepara, através de treinamentos de liderança e teatro, a se tornarem líderes mirins, motivando assim seus pais e outros adultos para que trabalhem juntos em prol da sua felicidade coletiva. É uma abordagem totalmente sistêmica, integrando crianças e adultos, as nove dimensões da FIB, e os três setores da sociedade & governo, iniciativa privada e comunidade & para potencializar o bem-estar de todos.


A nossa ONG, o Instituto Visão Futuro, desenvolveu um programa para empresas chamado “Programa Transforma“, para aumentar a harmonia interpessoal no local de trabalho, e com isso favorecer a FIB organizacional. Uma vez que se provou que a infelicidade está diretamente ligada ao aumento dos níveis dos hormônios tóxicos do estresse, como o cortisol, esse programa ensina técnicas simples para reduzir o nível de cortisol, o que nos proporciona uma sensação de bem-estar. Desenvolvemos também uma versão do questionário FIB para empresas, uma vez que a FIB é um upgrade daquilo que se chama de “triple bottom line“, incluindo no âmbito do sucesso da empresa o desempenho ambiental e social, bem como econômico (People, Planet, Profit & Pessoas, Planeta, Lucro). O projeto piloto de FIB Empresarial está sendo implantado atualmente em várias empresas no Brasil.


Num recente estudo do Pnud (Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas) que perguntou a 500 mil brasileiros “O que deve mudar no Brasil para sua vida melhorar de verdade“?, a resposta quase que unánime foi “valores“. As pessoas estão se dando conta de que o verdadeiro progresso não vem apenas pelo aumento do PIB, mas precisa incluir as dimensões não-materiais da vida. Talvez por esse razão o interesse em FIB entre todos os setores da sociedade & empresas públicas e privadas, prefeituras, ONGs, e do público em geral & tem sido tão extraordinário. Como disse o filósofo francês Vitor Hugo: “Não existe nada mais poderoso do que uma ideia cujo tempo chegou“. Parece que o tempo para o FIB definitivamente chegou.

* Artigo publicado em 26.09.2009 no jornal O Povo. 




Susan Andrews

– Antropóloga e psicóloga pela Univ. de de Harvard (EUA); Doutora em Psicologia Transpessoal pela Universidade de Greenwich (EUA) e coor.do FIB no Brasil

www.felicidadeinternabruta.org.br

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