Para a Igreja Católica chegou o tempo de preparação para a Páscoa da Ressurreição de Jesus, celebrada anualmente. Neste tempo chamado Quaresma – quarenta dias – a Igreja convoca os fiéis para refazer seu caminho com Cristo: renovação da opção cristã pelo seguimento de Jesus, pela adesão à Sua proposta, pela vida filial e fraternal em Cristo, pelo empenho pela transformação do mundo no Reino de Deus.
Desde 1964 acontece no período quaresmal a CF – Campanha da Fraternidade – em todo o Brasil, promovida pela Igreja Católica. Sua finalidade, conforme seu próprio nome, é renovar em Cristo a fraternidade humana. Deus Filho se fez homem para levar todas as pessoas humanas à filiação divina. Este é o fundamento da fraternidade universal.
Já por três vezes a Campanha da Fraternidade tem uma realização ecumênica, envolvendo diversas Igrejas Cristãs que em conjunto fazem parte do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs no Brasil – CONIC.
Como aconteceu nos anos 2000 e 2005, neste ano 2010 a Campanha da Fraternidade é Ecumênica.
“O que move as Igrejas a agir é a graça, o amor de Deus e o testemunho de sua fé em Jesus. As palavras de Jesus Cristo – ‘Nisto todos reconhecerão que vocês são meus discípulos: no amor que tiverdes uns para com os outros’ (Jo 13, 35) – ecoam hoje no coração de seus seguidores, que agem em resposta à missão que lhes vem de Deus em Cristo: a de serem testemunhas da fraternidade, justiça e paz sobre a terra.”(Texto base da CF 2010, n.2)
A partir de sua fé, os cristãos querem propor uma colaboração fraterna que se espanda a toda a sociedade para que se promova sempre mais o bem comum, expressão concreta da fraternidade que une a todos os seres humanos.
Nesta Campanha da Fraternidade 2010, o tema proposto em vista da promoção da fraternidade e do bem comum é Economia e Vida. Como lema a palavra de Jesus: “Vocês não podem servir a Deus e ao Dinheiro” (Mt 6, 24).
“Movido pela fé em Deus, ‘que ama a justiça e a equidade; a terra está cheia da fidelidade do Senhor’ (Sl 33,5), o Conselho Nacional das Igrejas Cristãs não quer limitar-se a criticar sistemas econômicos. Principalmente, espera que a Campanha da Fraternidade mobilize igrejas e sociedade a dar respostas concretas às necessidades básicas das pessoas e à salvaguarda da natureza, a partir de mudanças de atitudes pessoais, comunitárias e sociais, fundamentadas em alternativas viáveis derivadas da visão de um mundo justo e solidário” (Texto base CF 2010, n. 4)
É preciso rever nossa maneira de viver nesta terra em que estamos. É preciso rever a convivência humana, para que todos sejam reconhecidos em seus direitos e valores, deveres e atitudes, para que a vida humana seja expressão de justo relacionamento com Deus, com o próximo, com o mundo, na solidariedade mais fundamental que vem da mesma realidade da Vida.
E a Economia deverá encontrar seus caminhos no compromisso com a Vida, na promoção da responsabilidade e solidariedade para que haja digno presente e futuro para a humanidade.
Como o tempo Quaresmal em que decorre a CF inicia-se com o ecoar da proposta de Jesus no início de sua missão pública “Convertei-vos e crede no Evangelho”, a isto mesmo somos convocados: conversão e fé. Há muito o que mudar para mudar os rumos da vida humana em seu próprio benefício. Há muito o que construir sobre a novidade da fé: nossa existência tem como realidade não a concorrência dos competidores, mas a solidariedade dos irmãos. Os bens da criação são dons de Deus para todos, foram criados de Sua Solidariedade e se realizam na solidariedade organizada pela inteligência e pelo amor daqueles que foram criados à imagem e semelhança de Deus para ter com Ele um destino eterno. Economia é o governo da casa, desta Casa Comum em que entramos ao virmos à luz nesta terra.
É tempo de Campanha. É tempo de Fraternidade. É tempo de Solidariedade e Vida.