A música, ao lado da escultura e da pintura, é considerada uma das artes mais perfeitas, capaz de expressar o bom, o verdadeiro e o belo, de acordo com a antiga filosofia.


A música está sempre presente em nosso cotidiano: para marcar um acontecimento importante em nossas vidas, para acalmar mentes e corações inquietos, para intensificar o brilho de um evento, ora nos trazendo alegria, ora nos trazendo tristeza ao nos fazer lembrar de algum momento doloroso. Enfim, todo mundo gosta de música. Mas música é, acima de tudo, algo extremamente pessoal. A gente pode até não entender o significado de uma música cantada num idioma diverso, mas nem por isso deixamos de gostar e de apreciá-la, porque a música vai além das palavras, bem além da melodia.

Com a música, Orfeu encantava os deuses e semideuses, não havendo nada que pudesse resistir ao encanto de sua lira, nem mesmos as árvores e os rochedos. Graças à sua lira, Orfeu conseguiu baixar ao Hades – onde não lhe era permitido – para tentar resgatar sua amada Eurídice.


Música é feita para encantar, não para aborrecer. Mas muitas vezes aborrece, e muito.


A música pode se tornar algo desesperador quando o seu ouvinte resolve fazer com que todos ouçam o seu repertório musical, o qual por certo julga como sendo o melhor do mundo, colocando um paredão de som próximo a bares, restaurantes, em locais paralelos a outros eventos, inclusive, musicais.


Foi o que aconteceu num recente show do Kid Abelha, no Parque do Cocó, onde um homem simplesmente ligou o som de seu carro no volume máximo – com excelente qualidade, por sinal – próximo ao palco, ficou dançando forró no meio da rua com um copo de bebida na mão. A banda mal podia ser ouvida. Foi necessária a intervenção policial.


Foi também o que aconteceu no pré-carnaval, na Praia de Iracema, onde os sons dos carros simplesmente atrapalharam o evento, provocando uma barulheira dantesca. Indignação total. Foi necessária a intervenção policial.

Os donos desses “paredões de som” simplesmente transformaram a música num caso de polícia.

Lamentável falta de educação.


* Artigo publicado em 07.02.2011 no jornal O Estado e reporduzido neste site com autorização da autora.

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here