Os movimentos pela Cultura de Paz se sucedem em todo o mundo.  Em 2000 festejamos o Ano Internacional da Cultura de Paz com grande mobilização mundial, a partir de uma resolução da Organização das Nações Unidas. Em seguida, ingressamos no século 21 com muita disposição para instaurar a paz entre os homens. Igualmente por obra ONU, vivemos a Década Internacional para a Cultura de Paz e Não Violência para com as Crianças do Mundo, de 2001 a 2010.

Segundo a Unesco, organismo da ONU responsável pela promoção da Década para a Cultura de Paz, mais de 75 milhões de pessoas e milhares de organizações representando mais de 160 países abraçaram a causa. Finda a década, as iniciativas pró Cultura da Paz devem continuar com mais força ainda.

A violência não é prerrogativa do século passado. Tampouco é deste. Ela sempre existiu. Mas, agora, temos conhecimento dela a qualquer momento, em qualquer lugar. A diferença está na comunicação e em seus fantásticos atributos: velocidade, abrangência e bipolaridade. Ora a comunicação aproxima, ora afasta as pessoas, os povos, as nações. E nós, rapidamente, uma vez somos espectadores, outra vez, protagonistas da história.

Para os anos vindouros, oito metas definidas pelos movimentos internacionais permanecem desafiadoras: Cultura de Paz através da Educação; Economia Sustentável e Desenvolvimento Social; Compromisso com todos os Direitos Humanos; Equidade entre Gêneros; Participação Democrática; Compreensão, Tolerância e Solidariedade; Comunicação Participativa e livre de fluxo de informações e Conhecimento; Paz e Segurança Internacional.

As metas propostas para a manutenção da Cultura da Paz dependem essencialmente da comunicação em todas as suas formas e manifestações, para que o equilíbrio prevaleça à desigualdade. Não há mais condição de convívio harmônico com a natureza e os demais seres humanos, se não fizermos da comunicação o grande diferencial para educar, criar, participar e renovar nosso papel na sociedade. Através do bom senso, do diálogo e do respeito, podemos ampliar o entendimento e a tolerância.

A tarefa não é fácil, mas vale a pena tentar. Não precisamos de decretos, nem de formalidades para melhorar as relações do homem com o planeta e os demais habitantes da Terra. Esses eventos existem e são fundamentais para avivar o compromisso de todos com o bem mais importante para todos, que é a vida.

A comunicação está para a paz assim como o ar está para nós. Precisamos aprender a usá-la. Para isso, nossa casa é o primeiro e o melhor campo de provas. É nela que convivemos com opiniões, atitudes, desejos, dores, alegrias, expectativas, aflições. É nela que sentimentos e comportamentos evidenciam o quanto somos todos diferentes.  Em nome da Paz, é lá que está o mais significativo dos testes.

Artigo originalmente publicado no Jornal O Povo e reproduzido neste site com autorização da autora

* Lucila Cano é jornalista – lcano@terra.com.br

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