Na agitação e na correria do mundo em que vivemos, não é fácil parar, no sentido de nos voltarmos para Deus e encontrar um tempo reservado à oração. Mas é claro que Deus, na sua misteriosa e providente graça, que nos deu os céus, significando a transcendência, nos oferece um tempo favorável, dizendo que algo pode ser feito, indo ou voltando do trabalho; ou mesmo nos espaços entre uma atividade e outra.


Encontramos nos Salmos um instrumento precioso neste contexto de oração e silêncio: “Como a corça que suspira pelas águas da torrente, assim, minha alma suspira por vós, Senhor. Minha alma tem sede do Deus vivo” (Sl 41, 2s). Guardemos também a seguinte assertiva de Dom Aloísio Lorscheider: “Para aprofundar e anunciar os mistérios da nossa fé é necessário entrar no silêncio de Deus”, num grande desejo de nossa íntima união com Ele.


Oração é uma relação estreita entre o homem e Deus, por Cristo Nosso Senhor. É uma atividade espiritual de confiança ilimitada, de entrega espontânea e ininterrupta, refugiando-se em Deus. Deus que é Pai sabe do que mais precisamos. Os Salmos marcaram a história do povo de Deus, como uma oração predileta, ficando para nós cristãos a grande herança, a nos desafiar, numa profunda e estreita experiência com Deus, na qual, aprendemos a louvar e agradecer, a pedir e suplicar, e ainda, na pedagogia de Deus, a nos colocar diante da beleza de sua sabedoria: “Vós me ensinais vosso caminho para a vida; junto de vós felicidade sem limites” (Sl 15, 11).


Daí nossa inteira e inabalável confiança, insistente, na sinceridade e na atitude de persistência. “Aquele que me ama será amado por meu Pai; nós viremos a ele e faremos nele nossa morada” (Jo 14, 23). Temos a certeza de que a lei que Jesus nos oferece é a lei do amor, que deve ser difundida por nós, que desejamos segui-lo.


Para realizarmos o projeto do Pai, necessitamos de uma mística, na afirmação de Dom Helder Câmara: “Faze com alma o que na vida te for dado fazer, mas não te esqueças nunca de te integrares nos grandes planos de Deus”. É evidente que não podemos pensar em construir a nossa civilização sem Deus, como nos assegura o Salmo 127, 1s: “Se Deus não constrói a casa, em vão trabalham os seus construtores; se Deus não cuida da cidade, em vão vigiam as sentinelas”.


Temos também a história da Torre de Babel para deixar bem claro a pretensão dos homens daquele tempo, os quais queriam construir uma cidade e uma torre cujo ápice penetrasse nos céus. Os homens pretendiam mostrar que eles eram capazes de conseguir tudo sem Deus, demostrando que eram fortes e poderosos. O que aconteceu? Não deu em nada (Cf. Gn 11, 1-9).


Deus nos dê a graça de vivermos em profunda e contagiante alegria, nos momentos da nossa vida, certos de que Jesus, na sua passagem da morte para a vida, é o eixo central da nossa fé. Ao recordarmos as inexprimíveis maravilhas operadas pelo nosso Deus e Pai, no decorrer da história da salvação, ficamos totalmente restaurados e com disposição de edificar o reino.

*Geovane Saraiva é padre da Arquidiocese de Fortaleza, escritor, colunista, blogueiro, membro da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza, da Academia de Letras dos Municípios do Estado Ceará (ALMECE) e Vice-Presidente da Previdência Sacerdotal – Pároco de Santo Afonso – geovanesaraiva@gmail.com

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