Quem acompanha minha trajetória de escritor, lendo alguns dos meus livros e “escritos” produzidos constantemente, pode perceber claramente o meu crescente amor pela vida, com êxtase sempre presente em diversas ocorrências comuns ao cotidiano de muitos seres.


 


Além do eterno casamento com a natureza e suas fantásticas plantas, montanhas, rios e lagos, temos satisfação em contemplar os animais e os seres humanos em suas atividades, ficando feliz em ver o tempo passar e a existência se manifestar, mesmo com suas diferenças e pluralidades, o que pode ser motivo de reflexões e de atitudes, mas são realidades sempre presentes que não me cabe aqui filosofar.


 


E neste fluir existencial os sentimentos vão se alternando, com mobilidade ininterrupta, posto que expostos a variadas nuances, seguem navegando entre alegrias e tristezas, sempre de acordo com o enredo apresentado no aqui e no agora.


 


Atualmente o Facebook tem servido como fórum de discussões políticas – o que considero saudável e interessante, proporcionando a exposição de posições e de opiniões, com o clima variando do educado para o exacerbado, promovendo consequente fluidez de sentimentos, que igualmente migram do feliz para o preocupante, passando pelo neutro e até o chateado.


 


O problema da questão política hoje é que os argumentos são sempre os mesmos para ambos os lados e, venho percebendo que as posições já estão cristalizadas, havendo raríssima possibilidade de mobilidade, o que torna o clima às vezes pesado, agressivo, e o papo começa a ficar chato e até perigoso.


 


Perigoso no sentido de amizades que vão sendo desfeitas, atitudes tomadas em decorrência dos posicionamentos como negativas de apoios culturais e sociais, xingamentos e até brigas físicas.


 


O sentimento antes prazeroso em torno da questão política migra lentamente e tende a piorar para o campo das batalhas verbais e posições radicais, elevando a temperatura e entristecendo no lugar de alegrar.


 


Então começo a arrefecer e a ter preguiça de argumentar e debater, ao mesmo tempo em que observo minha pequena filha, de apenas quatro anos, brincando com sua cadelinha chamada de Chica Linda Donzela, visão esta que alquimicamente transmuta meu sentimento entristecido com o acirrado debate político, fazendo-o migrar rapidamente para a seara do carinho, o campo do amor, o espaço da beatitude.


 


Se numa espécie de mágica pudéssemos transpor o puro amor que sentimos por nossos filhos, para todos os campos da vida, estaríamos nos aproximando celeremente para o que chamam por ai de paraíso, posto que esse genuíno sentimento que temos por nossas crias, carrega em seu DNA, a pureza dos mestres e a postura dos deuses, encerrando em sua essência, a magnificência da existência. 


 


Flávio Rezende é escritor, jornalista e ativista social em Natal/RN (escritorflaviorezende@gmail.com)


 

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