Palavras de Steve Jobs: “Ser o mais rico do cemitério não é o que mais importa para mim … ir para a cama a noite e pensar que foi feito alguma coisa grande; isso é o que mais importa para mim”. Como também é importante guardar na mente e no coração o livro do Eclesiastes, que logo no início do seu prólogo diz: “Vaidade das vaidades, tudo é vaidade; que proveito tira o homem se de todo o trabalho e com que se afadiga debaixo do sol? – vanitas vanitatum, ommia vanitas”.
O contexto acima citado reflete a nossa condição mortal de ser humano. Não nos acostumando e, mesmo, sofrendo como um profundo golpe e dor. Nos Estados Unidos ocorreu aos 05 de outubro de 2011 a morte prematura de Steve Jobs, com a idade de 56 anos, vítima de um câncer no pâncreas, diagnosticado em 2004. Ele mesmo externou em um pensamento, que descobriu quando tinha 17 anos: “Se viver cada dia de sua vida como se fosse o último, chegará um dia em que estará certo”. Impressionado, se perguntava através desse pensamento: “Se este fosse o último dia da minha vida, será que eu faria mesmo o que estou prestes a fazer hoje?”.
Os sinais reveladores e indicadores do planeta, bem como seus gemidos e clamores, mais fortes e acentuados nos dias hodiernos, faz-nos pensar no ocaso, acontecimento que precede a escuridão, numa palavra, na transitoriedade da vida. Como são indispensáveis as palavras de Francisco de Assis, num olhar insondável, diante da misteriosa realidade da morte, como algo sagrado, revelador e divino. À medida que louvava a Deus, chamava-a de irmã. Guardemos as palavras do Apóstolo Paulo: “Nós não temos aqui cidade permanente, mas estamos à procura da cidade que há de vir” (cf. Hb 13, 14); “Sabemos, com efeito, que, se a nossa morada terrestre, esta tenda, for destruída, teremos no céu um edifício, obra de Deus, morada eterna, não feita por mãos humanas” (cf. 2Cor 5, 1).
A genialidade desse extraordinário homem e figura humana de tal modo preciosa, que jamais será esquecida, tornando mais agradável, mais bela e mais edificante a vida sobre face da terra. Ele assim se expressou: “Lembrar que estarei morto em breve é a ferramenta mais importante que já encontrei para me ajudar a tomar grandes decisões. Porque quase tudo – expectativas externas, orgulho, medo de passar vergonha ou falhar – caem diante da morte, deixando apenas o que é apenas importante”. Na verdade, somos agradecidos ao bom Deus pela Apple, seu grande e maior invento – no Mac, no iPod, no iPad e no iPhone, também agradecemos a Deus por outras inovações, no mundo da tecnologia, com as comunicações e as redes sociais. Como é maravilhoso pensar no ciberespaço, e aqui este extraordinário legado deixado por Steve Jobs, ao deixar pronto o iPad 3 e o aparelho de TV, que após sua morte constatamos tratar-se de passos gigantescos.
Na sua condição de paciente, consciente de que a morte estava por chegar, afirmava: “posso agora dizer algo que me parecia menos claro, quando a morte era um conceito intelectual: ninguém quer morrer; mesmo as pessoas que desejam ir para o paraíso não querem morrer para chegar até lá”. O melhor exemplo é do próprio Filho de Deus, no Getsêmani, que mesmo tendo a certeza da glória futura, orou pela segunda vez e externou: “Meu Pai, se não é possível que isto passe sem que eu o beba, seja feita a tua vontade” (cf. Mt 26, 42). Dizia também Steve Jobs em seus pensamentos: “Ainda assim, a morte é o destino final do qual todos nós partilhamos. Ninguém jamais escapou dela. E é assim que as coisas deveriam ser, porque a morte é provavelmente a melhor invenção da vida. Ela tira do caminho o que é velho e abre espaço para o que é novo”. Indo de encontro ao pensamento de Jobs, é importante ressaltar que um Homem, Jesus Cristo, venceu a morte por todos nós, mas ainda que sem compreensão teológica, Jobs demonstra em seus pensamentos que tinha plena compreensão da importância da morte em nossas vidas.
Steve Jobs tem muito a nos ensinar e dizer, como patrimônio da humanidade, na sua originalidade e genialidade, que “é preciso descobrir aquilo que amamos e a única maneira de fazer um trabalho grandioso e que se perpetue na história é amar aquilo que fazemos”. É assaz fixar na mente e no coração a estima com os dons, talentos e com a nossa própria vida, segundo a vontade de Deus, nossa razão de ser e existir.
* Padre Geovane Saraiva é escritor, blogueiro, colunista, vice-presidente da Previdência Sacerdotal e Pároco de Santo Afonso, na Parquelândia, em Fortaleza – geovanesaraiva@gmail.com