A vida tem mistérios que a gente nunca consegue decifrá-los. Como esse da pequena Laurinha. Desde que nasceu, ela viveu uma surpreendente provação. Perdeu a mãe, Paula Praciano, que faleceu vítima de complicações exatamente no parto dessa criança. A partir daí, Laurinha passou a respirar com ajuda de aparelhos – e a energia de muitas preces, eu completaria.


Foram dois anos e dez meses de resistência. Nas redes sociais, milhares de pessoas se afeiçoaram ao slogan de “acorda Laurinha”, numa tentativa sublimada de que ela pudesse superar as dificuldades e sair do coma a que esteve submetida. Sábado, a provação terminou. Laurinha acordou; mas no outro lado da dimensão, de onde veio, provavelmente, para nos deixar alguma lição. E que lição maior se pode ler nas entrelinhas dessa pequena vida.


Durante todo esse tempo, ela conseguiu arregimentar milhares de pessoas em orações. Na internet surgiram vários grupos despertando o interesse pelo seu drama, todos movidos por um sentimento de humana solidariedade em favor de quê? Da Vida. Da vida. É fantástico saber que, enquanto no País se acentuam as atitudes condenáveis dos que operam contra os valores da vida – matando e morrendo de forma gratuita – e quando mais se acentua o debate da legalização do aborto de seres com 3 meses, é incrível como o silêncio da pequena Laurinha, conseguiu falar mais alto em favor da preservação desse bem chamado Vida.


Corações e mentes, marcados pelo imaginável sofrimento da pequena criança, mesmo sem nem conhecerem sua família, comungaram desse sofrimento, se uniram em preces, defendendo a possibilidade de ela acordar para ter a chance de existir. Não foi da forma que imaginamos, mas quem para entender os mistérios que a Vida esconde e que se operam em planos que fogem aos nossos sentidos. Porque dá pra se pensar como ser que nunca chegou a abrir os olhos, que nunca disse uma palavra, como essa menina conseguiu abrir nossos olhos para o ideal de todos que é a defesa do próprio ato de viver. Seria bom que não perderssemos de vista a chance de aprender com essas misteriosas lições que, eventualmente, nos chegam. Elas não vêm vão. Nada acontece por acaso.


De uma coisa é certa: se ainda temos sensibilidade para defender a vida de um anjo como Laurinha, é hora de acordarmos para as mudanças que a Vida nos pede. A nossa vida. A pequena Laurinha acordou para uma vida maior. A vida da verdadeira vida. E quando iremos acordar desse sono que nos leva à cultura da morte?


Nonato Albuquerque é jornalista, radialista e apresentador de televisão.

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