Como é bom recordar, no quarto ano da eleição do Papa Francisco (13/03/2013), o Papa Leão XIII, ao desejar ardorosamente coisas novas; ao buscar mudanças nos costumes e na mentalidade sobre as condições de vida vividas pelos operários no final do século XIX. Preparou, à altura das exigências do seu tempo, um documento, que, de fato, pudesse dar uma resposta ao clamor de um mundo industrializado, tão marcado pelo sofrimento e pela escravidão. É o movimento social que se inicia na Igreja de uma forma mais consistente e organizada a partir de Leão XIII, com a Encíclica Rerum Novarum, de 1891.
Foi o dia feliz de 15 de maio de 1891, com o lançamento desse maravilhoso Documento, considerado como o ponto de partida da Doutrina Social da Igreja nos tempos modernos, significando um desejo e uma sede de inovações – “das coisas novas”. Tratou a Encíclica Rerum Novarum das questões sociais, levantadas por ocasião da Revolução Industrial. O papa apoiou com veemência o direito dos trabalhadores de se organizarem em sindicatos. Ao mesmo tempo, rejeitou o Socialismo e defendeu o direito de propriedade.
Podemos afirmar que foi uma verdadeira luz a iluminar as trevas, a escuridão do mundo operário, indo contra o maior mal que ameaçava a criatura humana naquela época. Com tão bem diz o Profeta Isaías: “Para o povo que vivia nas trevas uma luz brilhou” (Is 9, 1). Foi uma posição firme e segura da Igreja, num momento difícil e crítico, orientando gerações e gerações. O papa disse, através da Encíclica Rerum Novarum, que os homens de todas as classes são iguais, porque são filhos do mesmo Deus e Pai.
Dirigiu-se aos afortunados e aos patrões, no sentido de não tratarem os operários como escravos, ao contrário, respeitá-los e valorizá-los, vendo neles a dignidade de filhos de Deus. Nasceu deste modo, uma nova mentalidade, uma nova compreensão do mundo, a partir da obra de Leão XIII, colocando a pessoa humana no seu devido lugar, no centro da história, ao dizer logo no início: “Por toda parte, os espíritos estão apreensivos e numa ansiedade expectante, o que por si só basta para mostrar quantos e quão graves interesses estão em jogo”.
O papa propõe uma nova ordem econômica, com o devido respeito para quem trabalha. “Não pode haver capital sem trabalho nem trabalho sem capital”. Os pobres são convidados a se levantarem e a saírem da pobreza e da miséria em que se encontram. Eles são chamados a sonhar com novas condições de vida e com uma nova realidade.
A Rerum Novarum foi, com certeza, um instrumento de Deus. A Igreja deu o exemplo, descendo do seu pedestal e estando presente nas fábricas, sendo a voz dos sofredores e indefesos trabalhadores, – eis a grande novidade! Entendeu a Igreja que era preciso fazer alguma coisa, porque os operários estavam entregues nas mãos dos patrões desumanos e à cobiça de uma concorrência desenfreada.
Foi um grito bem alto, um eco que entrou bem no âmago, marcando e impressionando profundamente o mundo cristão, incentivando o interesse dos governantes pelas classes dos trabalhadores, dando-lhes forças e animando a todos num só objetivo: o dos direitos individuais transformados em benefícios e interesses coletivos.
Agradecemos ao nosso bom Deus o dom maravilhoso da vida de Leão XIII (1810-1903), o Papa dos Operários. Seu legado jamais pode ser esquecido: “Contra todo tipo de mal que ameaça a criatura humana, devemos lutar”. Que o espírito deste lúcido homem de Deus, hoje vivamente presente na Igreja, através da profecia do nosso querido Papa Francisco, nos tire da inércia, do indiferentismo, diante das justas reivindicações, também no clamor por justiça solidariedade e paz, numa palavra, na defesa da vida: o maior bem, tesouro e herança que podemos acumular.