No Brasil, cerca de um em cada dez estudantes afirma sofrer bullying regularmente, um problema sério que compromete o bem-estar e o desempenho acadêmico dos jovens, segundo dados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA). A fim de contribuir para a redução desses índices, a Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais (ADRA) firma parcerias com prefeituras, estados, entidades e outros, para a realização de projetos em todo o Brasil. O objetivo ajudar a melhorar a condição de vida de pessoas vulneráveis.
Um desses projetos é o “Garotas Brilhantes”, iniciado em 2014. O programa atende meninas de 11 a 17 anos, focando no empoderamento e na prevenção da gravidez na adolescência através da educação, preparação para o mercado de trabalho e suporte à saúde física e emocional. “O projeto se desenvolve em escolas públicas e espaços comunitários, onde voluntários, incluindo médicos, psicólogos e assistentes sociais, se reúnem semanalmente com as meninas para discutir temas cruciais para seu desenvolvimento pessoal e profissional”, explica Flávia Cardoso, assistente social e coordenadora do Garotas Brilhantes no RS.
No estado onde Flávia é coordenadora, o projeto atende 283 pessoas em dez cidades, contando com 85 voluntárias. Porém, a iniciativa se estende além das fronteiras gaúchas, marcando presença em diversos outros estados. A ação conta com oficinas aplicadas, por meio de dinâmicas e rodas de conversa, sob os temas: autoestima; autocuidado; autodesenvolvimento pessoal e autovalorização; suicídio; automutilação; gravidez na adolescência; sexualidade; relacionamentos abusivos; alcoolismo; drogas; abusos sexuais e psicológicos; e violência.
O bullying é um problema persistente que afeta muitos jovens, comprometendo sua autoestima e bem-estar. Através de educação, conscientização e apoio psicológico, o Garotas Brilhantes aborda diretamente essas questões. “Nos encontros, promovemos reflexões sobre autoimagem, insegurança e depressão, temas frequentemente interligados com o bullying. Ao fortalecer a autoestima das meninas, estamos contribuindo diretamente para um ambiente mais seguro e inclusivo”, ressalta a coordenadora.
As histórias de sucesso que emergem do projeto são tocantes e demonstram seu impacto significativo. A assistente social compartilha que uma participante, após sair de uma internação psiquiátrica, redescobriu a cor em sua vida através do projeto. “Ela retomou os estudos, ingressou em cursos no SENAI e transformou uma história de desesperança em uma de alegria e sucesso. São relatos como esse que confirmam a importância vital do nosso trabalho”.
A psicóloga Nayla Jeske, pós-graduanda em neuropsicologia, salienta que o desenvolvimento de programas como os idealizados pela ADRA promove a saúde mental de crianças e adolescentes. “Esses programas visam a transposição de experiências adversas, desenvolvendo a habilidade para lidar com os problemas (traumas, perdas, frustrações etc.), transformando-as em pessoas capazes de enfrentar crises e seguir em frente”, pontua Nayla.
No entanto, o projeto enfrenta desafios, incluindo financiamento e a necessidade de uma abordagem a longo prazo para mudança cultural e social. “Para combater efetivamente o bullying, precisamos de um envolvimento comunitário abrangente e estratégias educacionais robustas”, observa a coordenadora. A ADRA Brasil encoraja educadores, pais e a comunidade em geral a se envolverem e apoiarem o Garotas Brilhantes. “A participação pode variar desde o voluntariado até a contribuição financeira, mas o mais importante é a conscientização e o engajamento ativo na luta contra o bullying”, conclui.
Por todo o Brasil
Além do Rio Grande do Sul, nos estados do Espírito Santo, Amazonas, Rio de Janeiro, Rondônia, Bahia, São Paulo, Santa Catarina e no Distrito Federal, a ADRA opera nesta área de prevenção ao bullying e auxílio direto a crianças e adolescentes em situação vulnerável.
Em Salvador na Bahia, o Centro de Incentivo ao Desenvolvimento Infantil (Projeto Cidinho), tem acompanhado crianças em situação de vulnerabilidade que encontraram através da educação, uma nova alternativa para vida. As ações acontecem no contraturno, com aulas de reforço, inclusão digital, introdução à música e contam com uma biblioteca. Já em Minas Gerais, o projeto “Casas de Esperança”, busca retirar menores das ruas, protegendo-os da violência. Contando com 11 locais de acolhimento e funcionando desde dezembro de 2013, as casas acolhem crianças e adolescentes de 0 a 18 anos.
Em todos os estados do Brasil, a ADRA tem iniciativas para saúde mental e bem-estar para crianças e adolescentes. Você também pode contribuir com estas iniciativas. Saiba como colaborar por meio do site www.adra.org.br