Um bebê é considerado prematuro quando nasce antes de 37 semanas de gravidez. A prematuridade extrema é a causa mais frequente de morte de recém-nascidos. Além disso, os pequenos podem sofrer alguns distúrbios clínicos, como desnutrição, déficit de crescimento e podem apresentar comorbidades que influenciam em um maior tempo de internação. Por isso, é fundamental que essa criança receba assistência nutricional logo após seu nascimento.
Um desses cuidados é a avaliação nutricional de bebês que nasceram de forma prematura – que possuem maior chance de problemas em relação à nutrição e morbimortalidade. Avaliação e triagem nutricional permitem identificar os riscos e uma possível necessidade de intervenção precoce. Desta forma, é possível garantir um tratamento eficaz e um acompanhamento nutricional apropriado, prevenindo complicações decorrentes da desnutrição e crescimento inadequado.
Larissa Leite é nutricionista e atua na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal do Hospital Regional Norte (HRN), em Sobral, unidade vinculada à Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) e administrada pelo Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar (ISGH). Para a profissional, apesar da demanda, muitos nutricionistas optam por outras áreas de atuação devido à falta de aprofundamento sobre o assunto na graduação. “A demanda é alta, pois é essencial esta avaliação nas unidades. Entretanto, há poucos nutricionistas que optam pela área neonatal, por fatores como ausência ou falta de aprofundamento no curso de Nutrição. Vale ressaltar que toda unidade hospitalar deve ter um nutricionista neonatal para, juntamente com toda equipe multiprofissional, garantir a vida desta criança, melhorando suas condições funcionais”, afirma.
Diante disso, a Escola de Saúde e Gestão (ESG) está promovendo o treinamento on-line “Avaliação Nutricional em Neonatologia”. Segundo a professora do curso, Livia Bordalo, a busca por esse tipo de trabalho é cada vez maior. “A demanda é elevada, uma vez que todo hospital-maternidade apresenta um setor específico de atendimento a recém-nascidos. Porém, ainda há poucos nutricionistas especializados nessa área ou capacitados para a demanda específica dos bebês”, avalia. “É necessário muito conhecimento na prática clínica para conseguir atuar de forma satisfatória e eficaz, além de poder contribuir com a melhora do estado nutricional e clínico dos bebês. Os diferentes setores de um hospital devem ter acompanhamento nutricional”, afirma.
A capacitação oferecida pela ESG visa apresentar a profissionais e acadêmicos da área da Saúde conceitos e noções básicas de assistência nutricional a crianças recém-nascidas. O suporte é fundamental para estabelecer condutas nutricionais precoces e adequadas a fim de prevenir a desnutrição, melhorar a resposta ao tratamento clínico e reduzir o tempo de internação em crianças.
“O curso capacita o aluno para aferir, identificar e classificar o estado nutricional de neonatos, principalmente os que estão em risco nutricional”, acrescenta Bordalo. As inscrições para o treinamento estão abertas pelo link: https://escoladesaudeegestao.
Prematuridade
A prematuridade é considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um problema global, principalmente devido à associação com a mortalidade neonatal. O Brasil está entre os dez países com os maiores índices de partos prematuros, sendo estes responsáveis por 60% dos nascimentos prematuros do planeta.
Fernanda Fernandes é nutricionista e responsável pela assistência da UTI Neonatal do Hospital Geral Dr. Waldemar Alcântara (HGWA), também da Rede Sesa. Ela explica como é feita a avaliação. “Os recém-nascidos prematuros são avaliados desde o momento do nascimento, onde são medidos o peso, a estatura, a circunferência cefálica e a circunferência do tórax – essas medidas são feitas pela equipe que assiste o nascimento do bebê. Para avaliação do estado nutricional, o parâmetro mais utilizado é o peso”, diz.
Ainda de acordo com Fernandes, o peso aferido é avaliado segundo as curvas específicas de acompanhamento do prematuro, em que se avaliam o peso e a idade gestacional, sendo as avaliações do crescimento do recém-nascido pré-termo (RNPT) classificados como “Adequado para Idade Gestacional (AIG)”, “Pequeno para Idade Gestacional (PIG)” ou “Grande para Idade Gestacional (GIG)”.
“Após o nascimento, o peso do bebê é avaliado diariamente e os demais parâmetros de acompanhamento são aferidos e avaliados semanalmente, como rotina, ou de acordo com a necessidade clínica. O nutricionista é responsável por fazer a classificação do estado nutricional do recém-nascido, a partir do peso aferido, e avaliar semana a semana o seu ganho de peso, checando se está ou não adequado para o período”, acrescenta a nutricionista.
A profissional reforça que a avaliação é fundamental, porém é preciso fazê-la da forma correta, visto que nem todos os bebês podem ser submetidos ao procedimento. “É de extrema importância a avaliação nutricional e o acompanhamento do ganho de peso dos recém-nascidos prematuros para que a equipe multidisciplinar possa traçar as melhores medidas de terapia nutricional e acompanhar a sua efetividade em cada bebê assistido pela unidade. Apenas os bebês com instabilidade clínica ou com alguns riscos clínicos (avaliados pelo médico) têm contraindicação de realizar a aferição diária de peso. Desta forma, o médico avalia diariamente o bebê e indica para a equipe o melhor momento para que essa avaliação seja feita, sem trazer nenhum risco ao pequeno paciente”.