Os Estados Unidos (EUA) aprovaram, nesta segunda-feira (7), um remédio para tratar pacientes com Alzheimer. O medicamento — batizado de Aduhelm e produzido pela farmacêutica Biogen — foi o primeiro contra a doença em quase duas décadas e o primeiro a combater o declínio cognitivo relacionado à enfermidade.
A esperada decisão da Food and Drug Administration (FDA), que é a agência reguladora dos EUA equivalente à Anvisa, é controversa, já que um painel de especialistas independentes considerou, em novembro, que as evidências do benefício do Aduhelm eram insuficientes.
“Aduhelm é o primeiro tratamento que visa a fisiopatologia subjacente da doença de Alzheimer, a presença de placas de beta amiloide no cérebro”, disse Patrizia Cavazzoni, da FDA.
Com este parecer, o medicamento caminha agora para um processo de “Aprovação Rápida” da FDA, que a autoridade reguladora dos Estados Unidos usa quando acredita que uma droga pode fornecer benefícios significativos em relação aos tratamentos existentes, mas ainda há alguma incerteza.
“Como costuma acontecer quando se trata de interpretar dados científicos, a comunidade de especialistas ofereceu perspectivas diferentes”, disse Cavazzoni em um comunicado reconhecendo a polêmica.
COMO FUNCIONA O ADUHELM
O Aduhelm, um anticorpo monoclonal também conhecido por seu nome genérico aducanumab, foi testado em dois ensaios em humanos em estágio avançado da doença, conhecidos como ensaios de fase 3. Ele demonstrou uma redução no declínio cognitivo em um, mas não no outro.
Mas em todos os estudos, demonstrou de forma convincente uma redução no acúmulo de uma proteína chamada beta amiloide no tecido cerebral dos pacientes com Alzheimer.
Uma teoria afirma que a doença de Alzheimer é causada por um acúmulo excessivo dessas proteínas no cérebro de algumas pessoas à medida que envelhecem e seu sistema imunológico se deteriora.
Portanto, fornecer anticorpos a esses pacientes pode ser um meio de restaurar parte de sua capacidade de eliminar o acúmulo de placa.
O último medicamento para a doença de Alzheimer foi aprovado em 2003 e todos os anteriores se concentraram nos sintomas associados à doença, não em sua causa subjacente.
Estima-se que o Alzheimer, a forma mais comum de demência, afete 50 milhões de pessoas em todo o mundo e geralmente começa após os 65 anos.
Ele destrói progressivamente o tecido cerebral, afetando a memória das pessoas, deixando-as desorientadas e às vezes incapazes de realizar as tarefas diárias.
Também está associado a alterações de humor acentuadas e problemas de comunicação.
O QUE É ALZHEIMER?
De acordo com o Ministério da Saúde, a Doença de Alzheimer (DA) é um transtorno neurodegenerativo progressivo e fatal que se manifesta pela deterioração cognitiva e da memória, comprometimento progressivo das atividades de vida diária e uma variedade de sintomas neuropsiquiátricos e de alterações comportamentais.
A doença instala-se quando o processamento de certas proteínas do sistema nervoso central começa a dar errado.
ALZHEIMER TEM CURA?
Conforme a Associação Brasileira de Alzheimer (Abraz), o Alzheimer é uma enfermidade incurável que se agrava ao longo do tempo, mas pode e deve ser tratada. Quando diagnosticada no início, é possível retardar o seu avanço e ter mais controle sobre os sintomas, garantindo melhor qualidade de vida ao paciente e à família.
ALZHEIMER É HEREDITÁRIO?
Conforma a Abraz, os familiares de pacientes com Alzheimer têm risco maior de desenvolver essa doença no futuro, comparados com indivíduos sem parentes com a doença. No entanto, isso não quer dizer que a doença seja hereditária.