O projeto, do fotógrafo Paulo Winz, apresenta uma narrativa a respeito do conhecimento de cura ancestral, ainda viva e atuante, em terras distantes como a floresta amazônica ou no sertão profundo, até chegar aos grandes centros urbanos.
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No próximo dia 22 de julho, às 16 horas, os jardins do Theatro José de Alencar recebem o fabuloso projeto Ritus, do fotógrafo Paulo Winz. O projeto, que terá apresentação gratuita no sábado e faz parte do Edital de Ocupação do Theatro José de Alencar, é um acervo de imagens envolvendo povos indígenas, grupos e indivíduos que atuam na cura através de cerimônias, rituais, rezas e outras práticas que recorrem ao mundo espiritual, proporcionando o cuidado de enfermidades às pessoas que necessitam e buscam.
A exposição no Theatro José de Alencar será um encontro aberto ao público, com o fotógrafo apresentando o processo de criação, as linhas já visitadas e o compartilhamento de todo o conhecimento adquirido nesta jornada de vida através das próprias imagens, histórias, cantos e textos.
De acordo com Paulo Winz, Ritus parte do entendimento que a cura pode se dar através da conexão com o mundo invisível, na busca de estabelecer maior harmonia física, emocional, mental para cada pessoa. “Diversas são as expressões que desenvolvem práticas neste sentido. Considerando o conhecimento nativo indígena, a matriz africana e de outras nações que trouxeram ao Brasil suas tradições, observa-se um rico campo de pesquisa de tradições existentes pouco conhecidas por uma grande parcela da sociedade ou são vistas de forma marginalizada. Nesta pesquisa, Ritus constrói uma narrativa que busca apresentar o conhecimento ancestral ainda vivo e atuante em terras distantes, como a Floresta Amazônica ou no Sertão profundo, estabelecendo pontes com a sociedade moderna através das pequenas comunidades, até chegar aos grandes centros urbanos”, conta o fotógrafo.
Como resultado, temos um acervo de imagens impregnado de diversidade cultural e estética muito forte, reunindo retratos das pessoas de poder e rituais que fazem parte do patrimônio imaterial brasileiro, contribuindo, também, para a manutenção da memória de povos tradicionais indígenas e de matriz africana. “Uma obra que colabora com o entendimento que o Brasil é um país plural, mestiço e sincrético”, complementa Paulo Winz.
Ao apresentar ao público estas pessoas em seus trabalhos de cura, Ritus ultrapassa a discussão sobre instituições religiosas, que surge por apresentar o trabalho realizado a partir de algumas religiões, doutrinas e expressões espiritualistas. “Propõe sim uma ampla discussão e reflexão sobre como a sociedade moderna distanciou-se das práticas que promovem sua própria manutenção de forma mais saudável, trata sobre a tolerância religiosa, autonomia, identidade entre outras questões pertinentes ao debate atual em relação a sociedade como preconceito de qualquer ordem, questões de gênero e política”, explica o idealizador do projeto.
Paulo Winz
O universo místico e espiritual é o campo de investigação que mais desafia e instiga o autor, permeando seu trabalho documental Ritus, uma ampla pesquisa sobre a cura realizada por povos, grupos e pessoas de poder, e trabalhos de narrativas ficcionais, como Curandeiro e Sem Olhos. Desvendar narrativas Brasil adentro também faz parte de sua criação em dois projetos Rapé-uára, publicação contendo imagens de percursos pela Amazônia, em 2016, e Entre Estações pesquisa iniciada em 2014, que pretende adentrar nas comunidades conectadas por linhas férreas de longa distância para transporte de passageiros.
Mais sobre Ritus
Ritus busca uma narrativa a respeito do conhecimento de cura ancestral, ainda viva e atuante. Pajés, curandeiros (as), rezadeiras, pais e mães de santo, médiuns e mestres atuam em conexão com seus mentores espirituais, com o objetivo de curar pessoas através de rituais de poder. Em um sutil processo de aproximação, obtém-se permissão de estar e criar as imagens em espaços sagrados onde acontecem os rituais fechados. Ritus investiga à luz plural, mestiça e sincrética do Brasil, o poder oculto que resiste. Ultrapassa a discussão sobre religiões, que surge ao apresentar imagens realizadas a partir de algumas doutrinas e expressões espiritualistas, em hipótese alguma instigada ou dominada pelo fetiche ao exótico. Propõe, sim, uma ampla discussão sobre como a sociedade moderna distanciou-se de práticas que permitem pessoas resgatarem sua própria força divina, proporcionando, em profunda análise, uma opção de saída do esvaziamento de vida imposto pelos mecanismos de controle social.
Serviço
Projeto Ritus em apresentação única Theatro José de Alencar
Data: 22 de julho de 2017
Horário: 16 horas
Local: Theatro José de Alencar – Rua Liberato Barroso, 525, Centro, Fortaleza-CE.
Entrada gratuita.
Única apresentação.
Informações: (85) 3101 – 2583.
Com informações da assessoria de imprensa do Projeto Ritus