O segundo dia de julho nunca ganhou dos brasileiros uma espera tão frenética. Acontece a Copa do Mundo com a seleção brasileira jogando com o México, lá na Rússia, onde a paisagem abriga torcidas em torno de muita beleza. O jogo de hoje virá mais uma vez, revelar porque somos uma nação da alegria, e não vou analisar se isso é bom ou ruim no contexto social e político. Ocupamos o gramado que recebe quem ver esse momento como um merecido momento, exatamente, para diminuirmos a carga das preocupações que já nos envolve nos demais dias do ano.
Em recente palestra proferida para o Grupo das Mulheres Pensantes o Prof.Dr. Marco Aurélio de Patrício Ribeiro, apresentou um tema interessantíssimo: “Segredos dos que vivem sem depressão e buscam ser felizes”. E um desses segredos ele revelou: “Manter o bom humor e sorrir sempre, mas que seu sorriso seja a expressão sincera do seu bem estar consigo e com os outros. Sorria espontânea e genuinamente”.
Inseridos em um contexto de entusiasmo não só pela Copa do Mundo mas por outras manifestações como o carnaval, as festas juninas, o Dia do Padroeiro no sertão nordestino, o brasileiro ocupa espaços, atraindo grupos ou multidões, motivando a alegria coletiva, o sorriso farto, o grito e o abraço. Parece que em cada lugar existe em funcionamento a fábrica do sorriso. Ou seja não há discriminação, idade, sexo, religião para negar essa marca.
Nesta segunda-feira, dia 2, Brasil e México combatentes e unidos no futebol. Já somos identificados pela música, a alegria e sua apropriação de muitas manifestações culturais. Os dois times manterão o espetáculo por longo tempo na dança dos pés e na competência do ato de entregarem-se ao esporte das multidões. A tensão, o medo existirão. Os problemas brasileiros não acabarão. Porém, a terra é feita de céu. Está reservado neste evento um tempo para nos apropriarmos da vivência esportiva, simbolizando nossa brasilidade com conhecimento suficiente para avaliar que entre o sorriso e a alegria, não haverá escalação para a tristeza, agressividade, perturbação e o sofrimento. Está em jogo o melhor da segunda-feira. (Por que é que em cada jogo da seleção as Emergências, as UPAs, as delegacias de polícia ficam vazias?) É o dia onde reivindicaremos garra da nossa representatividade esportiva para garantir a confraternização, a liberdade do nosso sorriso entrecruzando-se com outros e atraindo o abraço, o afeto, o colorido das ruas, a presença da bandeira verde-amarela tremulando em todos os lugares. Enfim a garantia de espelharmos para nós e para o mundo os símbolos do bem-querer, do bem-comemorar, do humor, tudo motivando a festa da alegria, o sorriso verde amarelo, que, desculpem, só nós brasileiros sabemos produzir.
Lêda Maria – Jornalista e escritora